terça-feira, 23 de agosto de 2011

de quando não vale mais...

Gosto de quem entende o que eu digo, e o que eu não digo. De quem propõe caminhos ao invés de propor ciladas. De quem é objetivo. Porque dessa mania de dizer as coisas por metáforas que não são claras, já deu.
Cansei.
Você, me oferecendo o seu fracasso e as suas emboscadas.
Cansei dessa gente que têm medo da verdade, dos que falam coisas que querem dizer outras. Perda de tempo.

Gosto de gente que se mostra, dos disponíveis, dos que facilitam as coisas.
O tempo devora a gente, e se não soubermos lidar com nossas frustrações e focar no que realmente permanece, então não dá !

Eu sei que tudo passa, mas cada dia está mais difícil saber o que sobra...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

e você virou abóbora...

No dia seguinte você não estava lá.
Você e tuas mãos que eu desejava tanto.
Você e tantas coisas a serem ditas, mas que nunca tivemos tempo.
Você e a incrível habilidade que tem de me fazer sentir habitada.
Acho sempre que do seu lado existo mais.

Nossa história era de um querer antigo.
Tantos anos, tantos descaminhos.
E tudo o que eu achava estar perdendo por medo de que no dia seguinte você não estivesse mais lá.

E eu estava certa.
Você não estava.
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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

"pegação"...

Definitivamente prá mim não dá ! Acho que não sou moderna nessas coisas de sentimento.
É claro que nem tudo precisa ser romance, mas pelamordedeus, não quero ser “peguete” de ninguém. Esse negócio de qual é o seu nome, você me beija, a gente se aperta, e depois já era, ou de quem chegar primeiro, leva, não mesmo. Meu coração não quer.

Tenho a alma esfomeada. Gosto de laços afetivos, de dias seguintes, daquela intimidade conquistada com o tempo.
Acho bonito quem tem vontade de amar. Porque não é nada fácil, eu sei...
E, tem coisa melhor do que uma pegação com desejo do corpo e também dos outros sentidos ? Com troca de olhares e aquelas palavras só nossas ?

Se não for assim, tudo bem, fico com a minha solidãozinha...
Prefiro ser fora de moda !
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quinta-feira, 11 de agosto de 2011

um gosto de sal...

De vez em quando acordo meio Maysa... um gosto de sal na boca, e a cabeça barulhenta.
Nesses dias não consigo chover, não consigo acalmar minhas águas revoltas.
E eu precisava tanto...

Mas entro pela contramão, ajo com a impetuosidade das marés, vou e volto, incansáveis vezes.
No fundo, só o que eu queria era a calmaria das marolas e o corpo flutuando na superfície do mar.
Água fresca e corrente, sem formar hábitos, sem me acostumar a nada...

Porque ando cansada desse recolhimento... e a Maysa eu queria só no som da sala, musicando o ar enquanto eu enfeitaria o cabelo e sairia por aí.

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De tudo que tem o mar, Mayza tem um pouco.

Um tanto de ondas, um tanto de sal, a calmaria na preguiça,

um tanto das tormentas, das ressacas, uma coisa linda do pôr-do-sol,

uma brisa das manhãs... Mas sempre recolhendo-se no mar.

Compreendê-la ? Melhor compreender o mar.

C.Paganini
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quarta-feira, 10 de agosto de 2011

dessa gente que resolve ser “ouriço”...

que me desculpem os apáticos :

não tenho medo de sentir,

eu sinto muito.

Ana Jácomo


Perdoem as palavras duras, a falta de jeito, e a rispidez, mas ando cansada de tantos “ouriços”. Dessa gente que se esvai diante do outro, de quem enviesa o corpo diante de um carinho, e acha “suspeito” qualquer sorriso.


É que acho tão lindo quem sabe abraçar, quem se dá, quem arrisca afetos e delicadezas...

Somos resultado das conversas que temos, do que experimentamos, das histórias que vivemos, mas, sobretudo, dos significados que damos ao observar o mundo, e é por isso que imagino que ter espinhos deve deixar fatigado o ouriço, porque inevitavelmente somos o que nos vai por dentro...

Então, sinto muito, mas ser ouriço é viver ausente de si próprio.

E, nesse caso, nada como revermos nossas próprias convicções de vez em quando...
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domingo, 7 de agosto de 2011

das vezes que volto para mim...

Deixei poucas pessoas conhecerem a mulher que me habita. Essa de verdade, cheia de imperfeições e desordens íntimas, mas que carrega mais ternura do que se pode imaginar. Eu e meus olhos atrevidos, minha fome de amor, e essa fragilidade engraçada de quem quer ser a protagonista de um sonho bom.

Não que eu quisesse um compromisso com a eternidade, mas poucos souberam do meu corpo, das minhas marcas, das manhãs de preguiça e do rosto sem maquiagem. É que preciso acreditar para me mostrar. Porque se mostro meus medos, minhas incoerências e fraquezas, e só o que consigo é uma rasteira, fico tão desabitada.

Sou uma cidade vazia.

Acho que é por isso que por muito, muito pouco, fecho a porta e volto para a minha vida.
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quarta-feira, 3 de agosto de 2011

um dia ele vai chegar...

Assisti a um filme lindo chamado “Sob o Sol da Toscana”. Sou uma romântica incurável, então nem preciso dizer que é um filme que fala de amor, mas fala também de nossa adorável “vida imperfeita”, sobre as pequenas grandes superações, sobre fracassos e medos. Enfim, uma cena em especial me tocou : é quando contam que no alto dos alpes italianos, num lugar inóspito e de muito difícil acesso, entre as divisas com a Áustria e a Suíça, mais de um século atrás, construíram uma estrada de ferro. Não havia trem, e nem promessa de trem. Mas eles necessitavam dele. E sabiam que um dia ele passaria por lá. Por isso a construíram...


Tenho construído uma estrada de ferro também...

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terça-feira, 2 de agosto de 2011

do que não é meu...

Algumas contas são infinitas.
Infinitas porque não são minhas.

Sigo aprendendo... mas uma coisa eu já sei : não quero mais ficar pagando pelos erros que os outros cometeram.
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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

dos bons encontros...

A luz mudava de ângulo ao atravessar a vidraça, e eu mais uma vez tendo a sorte dos bons encontros.
Ela me falou de Manoel de Barros e de como ele achava que as coisas estavam cansadas de serem vistas sempre da mesma maneira.
Parecia uma tarde comum, mas resolvi olhá-la de outra forma.
O tapete colorido, se visto lá de cima, era o cenário de um quadro Naif, e eu era a moça sentada no chão, com um livro no colo, no meio da pintura.
Eu era um quadro bonito. Vermelhos e ocres, turquesas e verdes. Detalhes delicados. Crianças, sorrisos, sonhos.

Bonito ver que mesmo num momento de dor, que mesmo quando tudo parece cinza, alguém atravessa a nossa vida e fala de Manoel de Barros e das possíveis interpretações sobre a mesma coisa.

É.
A vida pode ser maravilhosa.
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