sexta-feira, 28 de setembro de 2012
de como nasce um pecado...
Enquanto a noite dorme, acendo uma fogueira
imensa em teu peito.
São tantos labirintos densos, tantas curvas,
tantos vãos.
Minha boca trêmula desaprende as falas e só
sabe ser fome.
Onde nossas mãos tocam nascem rios de fogo.
Tantos gestos, tantos caminhos...
Entrego-me ao verão que me consome e satisfaço
todos os teus anseios.
Viro um desejo úmido, um entardecer na praia.
Viro boca.
Sou só lábios.
E se amanheces em mim,
aí então nasce o meu melhor pecado.
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terça-feira, 25 de setembro de 2012
quando o nada é tudo...
Esse é um texto para fazer pensar quem não gosta de
definições comuns. E, em minha opinião, é uma bela forma
de ver as coisas.
Há um oleiro no Jequitinhonha que diz que seu trabalho
é cobrir o
vento... cobrir o nada.
Ele diz que uma peça de barro é isso: uma separação no vazio, e conta que todos os dias ao acordar faz um vaso diferente só para guardar dentro dele o
ar fresco da manhã.
Portanto,
e incrivelmente,
a utilidade de um vaso está em seu nada.
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quinta-feira, 20 de setembro de 2012
da alegria...
Já percorri o
caminho dos prazeres, senti-los todos sabem...
Mas o que quero agora
é sentir também a alegria.
E alegria é bicho
que mora em outro lugar,
é passarinho que
voa entre as horas,
flutua no céu esparramado
e fugaz,
e passa.
Alegria talvez seja essa eternidade que a gente sabe
que dura só um instante.
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quarta-feira, 12 de setembro de 2012
dessa vontade insatisfeita...
Tem dias em que preciso de mais.
É isso.
Morro de uma vontade insatisfeita de pertencimento.
Eu sei que distância pode ser só uma palavra, ou uma maneira
de olhar, mas sabe aquelas horas em que a gente queria o amor ao alcance do abraço
? Ou um punhado dessas certezas que não existem...
Ando cansada da poesia, querendo trocar versos por tuas mãos
macias deslizando entre as mechas do meu cabelo.
Queria esticar o gesto.
Queria te alcançar.
Não sei entender, mas ainda me sinto pequena,
bem pequena...
bem pequena...
a despeito dessa gente que me olha com pressa
e fica me enxergando grande !
e fica me enxergando grande !
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sábado, 8 de setembro de 2012
quando quero me dar a você...
Na fruteira da sala ameixas abrem-se e
perfumam o ar.
Não penso em comê-las, não são frutas naquele instante...
Talvez tenha sido nossa conversinha mole,
talvez esse meu desejo de olfato, não sei.
Mas as ameixas eram flechas certeiras que atravessavam o espaço apontando diretamente para os meus instintos mais primitivos. Era eu que pensava em você e exalava aquele perfume tão feminino.
Há uma palavra francesa para isso :
Cassoulette.
Sim, esse cheiro de gente, de calor, de feromônios,
e dessa flor em que me transformo quando quero
me dar a você...
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Não penso em comê-las, não são frutas naquele instante...
Talvez tenha sido nossa conversinha mole,
talvez esse meu desejo de olfato, não sei.
Mas as ameixas eram flechas certeiras que atravessavam o espaço apontando diretamente para os meus instintos mais primitivos. Era eu que pensava em você e exalava aquele perfume tão feminino.
Há uma palavra francesa para isso :
Cassoulette.
Sim, esse cheiro de gente, de calor, de feromônios,
e dessa flor em que me transformo quando quero
me dar a você...
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quarta-feira, 5 de setembro de 2012
prá me sentir 'normalzinha'...
Ela tem na sala a escultura de uma mulher com a cabeça cheia de pregos, e que ainda assim é absolutamente suave...
Ela acha que essa mulher é ela.
E, todos os dias, quando a vê, é como se olhasse no espelho e entendesse que essa dualidade é possível.
Então, só depois de contemplá-la, sabe sair por aí achando que nem tudo está perdido !
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(escultura da paraibana Nenê Cavalcante)
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