quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
chegamos tão perto...
Sua boca e seus olhos não combinam.
Ela, a tua boca, é uma boca de falas planas, é uma boca
erudita, cheia de razão.
Enquanto eles, os teus olhos, são olhos de silêncios plenos,
olhos que ainda acreditam, cheios de ternura.
Tua boca vê.
Teus olhos beijam.
Como é difícil entender.
Nem todas as perguntas, nem todas as respostas, nem todo o seu
indisfarçável empenho para sustentar com elegância tuas convicções,
foram capazes de esconder a fragilidade da tua boca, das tuas falas planas.
Você já nem sabe mais sustentar o teu endurecimento.
E sabe por quê ?
Porque quando você me olha,
está tudo dito.
Minha boca e meus olhos não
combinam.
Ela, a minha boca, é uma boca de
falas planas, é uma boca erudita, cheia de razão.
Enquanto eles, os meus olhos, são
olhos de silêncios plenos, olhos que ainda acreditam, cheios de ternura.
Minha boca vê.
Meus olhos beijam.
Como é difícil entender.
Nem todas as perguntas, nem
todas as respostas, nem todo o meu indisfarçável empenho para sustentar com elegância
minhas convicções, foram capazes de esconder a fragilidade da minha
boca, das minhas falas planas.
Eu já nem sei mais sustentar o meu
endurecimento.
E sabe por quê ?
Porque quando eu te olho,
está tudo dito.
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
uma liga não pode ser só uma liga...
Sinto tua presença nas menores sutilezas.
Sei que me olha quando pensa que eu não vejo,
sei porque também caminho secretamente por
você.
Sinto teus olhos pousando em mim, fingindo-se distraídos,
e todo o meu corpo reage.
Mais uma vez sinto esse enigmático
desejo.
É que você me salva desse mundo comum, dessa
gente comum... E quando vamos nos despindo, assim, das
palavras, e sendo só gestos, fico com uma vontade concreta de você.
Vontade que eu queria saber descrever, mas aprendi
que nunca se define desejo com palavras.
Nem mesmo uma liga pode ser só uma liga.
O desejo é, por si só, infinito e indizível.
Têm coisas que por ser só o que são já são
mais do que se poderia dizer sobre elas.
domingo, 27 de janeiro de 2013
não te conto de mim, por delicadeza.
(Solange Maia - 40 anos atrás)
Olho para essa menininha que já fui, e
sorrio.
Aposto como, nem de leve, ela podia imaginar a
mulher que me tornei. Percebo que ainda temos os mesmos olhos, embora agora estejam mais cansados.
De vez em quando faço isso, volto ao meu quintal ancestral... às vezes gosto, às vezes não, de ver a
passagem do tempo.
Mas não conto a ela, tão pequena, tão doce, desse
meu possível endurecimento.
Não por proteção,
mas por delicadeza.
mas por delicadeza.
A menininha que já fui olha para mim como se
eu fosse uma verdade metafísica. Não sou.
Talvez ela é que tenha sido, mas não tem importância, porque uma coisa é certa, e essa eu conto à ela : não fiquei só sentada ouvindo as historias dos outros...
Talvez ela é que tenha sido, mas não tem importância, porque uma coisa é certa, e essa eu conto à ela : não fiquei só sentada ouvindo as historias dos outros...
Fui, e vivi.
E tenho tido tanta coisa para contar...
E tenho tido tanta coisa para contar...
quarta-feira, 23 de janeiro de 2013
esse 'apertadinho' afetivo...
Acho que é isso que eu queria.
Ser o passarinho espremido entre os outros, estar
nesse ‘apertadinho’ afetivo, nesse carinho misturado.
Queria saber como é esse acolhimento, esse
amparo.
É que ando tão cansada desses meus pensamentos
de contornos precisos, desse meu jeito tão mecânico e tão cerebral.
Acho que queria pousar no galho mais alto, só para, de lá, alçar um voo e me diluir no mundo gasoso dos sonhos.
Preciso descansar...
A verdade é que, olhei os passarinhos e quis,
um pouco,
naquela hora estar lá.
terça-feira, 22 de janeiro de 2013
Não. Não é você.
Tenho andado de mãos dadas com você, feito
pequenos planos, passado bons momentos.
Falamos de levezas, tomamos vinho em lindas taças,
Peter Gabriel cantando pra nós, pouca luz e um delicioso desprezo pelas horas que nos atravessam...
Acho até que sabemos rir juntos, e que quase construímos a atmosfera perfeita.
Mas a toda hora você desiste de me descobrir.
Sei disso quando você nem percebe as pausas na minha fala, quando passa batido pelo céu da minha boca, quando diante do meu silêncio só o que sabe dizer é que não quer me perder.
E aí eu sei o que não queria : que não é você.
Sei disso quando você nem percebe as pausas na minha fala, quando passa batido pelo céu da minha boca, quando diante do meu silêncio só o que sabe dizer é que não quer me perder.
E aí eu sei o que não queria : que não é você.
A despeito da boa música, da boa vontade, do
bom olhar...
Não. Não é você.
Não. Não é você.
Porque nada que é feito para durar cresce em
atalhos.
A gente pode até ficar bonito na foto,
mas não,
a gente não é de verdade.
mas não,
a gente não é de verdade.
quinta-feira, 17 de janeiro de 2013
já não me divirto...
quase 100
dias.
quase 100
dias inteirinhos sem escrever por aqui.
No
dia 11 de outubro senti que meus sapatos pediam para parar.
Senti
que o Eucaliptos na Janela tinha
sido um ciclo que se fechara.
Mas
não.
Não
sei parar.
Quero
mais histórias contadas ao redor dessa fogueira linda...
Sem
escrever, já não me divirto.
É.
Já
não me divirto...
A
única coisa que vem a minha cabeça é que quero continuar.
Infinitas
vezes quero.
então, vamos ?!?
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