sábado, 23 de novembro de 2013

a despeito das questões sociais...

Guimarães Rosa diz que quando nada acontece há um milagre que não estamos vendo, mas não nessa imagem, nela o milagre se esparrama ensolarado pelo sorriso dos meninos.
Eles têm seu universo particular.
Divertem-se num tempo intangível e perdido.
Há mais ternura nesse metro e meio do que em edifícios inteiros.

Vendo uma cena destas percebo mais claramente o mundo adulto de onde nunca mais voltei.
Ando cansada demais para ser revolucionária, mas a previsão para amanhã é de sol, e acho que ainda podemos reconhecer pequenos milagres, então, que tal se deixássemos de esmagar tanto os horizontes da nossa alma ?!

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

dessa cidade chamada São Paulo...

Olho ao redor como se buscasse o que já sei de cor... é tanto tudo, que é quase nada.
A solidão se impõe e esfola a pele da gente.
Tudo leva a todo lugar, tudo encanta, tudo espanta.
Cidade dos achados, e dos perdidos.

Inquieta, com sua metade de céu caída, onde muito, é muito pouco.
Onde tanta gente, é gente alguma.
São Paulo tem força masculina, eu sei, mas é mulher, e com sua capacidade de desafiar permanentemente a imaginação, é infinita em suas possibilidades.
E seduz...
Seduz com sua vastidão que nos engole.
E acolhe...
Acolhe em seus cantos a despeito de seus abandonos.
Mas cansa.
Esgota.
Esvazia.
Esfria...

Olho ao redor mais uma vez, e, cansada desse trânsito intenso, aumento o som para afastar os pensamentos... mas Paula Toller devolve-os a mim, cantando bem assim :
“...que lugar me pertence,
     que eu possa abandonar...
Esse mar me seduz,
     mas é só pra me afogar...”