quarta-feira, 22 de outubro de 2014

LEGO

- Eu quero - escrevo.
- Eu vou - ele responde.
- Então vamos - finalizo.

Parece slogan de campanha publicitária. Mas não é.
É o amor brincando com a gente, cheio de intimidade. Um jeito nosso de dizer que temos quereres comuns e que estamos juntos, porque é exatamente assim que estamos : juntos.
E posso jurar que sei exatamente a cara que você faz ao ler e ao escrever essas palavras.
Assim como posso jurar que já sei a diferença da sua voz quando você está trabalhando, quando está com sono, ou quando quer me namorar. Sei como gosta que eu arranhe tuas costas, qual é o seu travesseiro preferido, o ponto da tua carne, as pintas no teu corpo, a planta do teu pé.
Sei das suas sobremesas favoritas, de todas as cores dos teus olhos, da espessura da tua barba cerrada, e das músicas que ama ouvir. Sei da sua ternura e também do seu perfeccionismo, sei da musculatura emocional que tem criado ultimamente, e dos desafios a que, corajosamente, se propõe. Sei que cuida de mim mesmo quando me acha muito, muito chata. Sei do frio que sente no pé, da temperatura que gosta da água, e da fome que sente pela vida.

Sei que temos tido muita sorte, mas sei, sobretudo, do tanto que temos cuidado da gente e do nosso amor.
Entra dia, sai dia... e assim temos construído nossa relação. Um amor calmo, quente, e feito pra durar.
Entra dia, sai dia... e você continua sendo minha pessoa favorita nesse mundo.
O lugar onde gosto de estar.

Tenho acreditado de novo. 
Temos nos dado novas chances. 
Temos nos divertido.
A verdade é que o mundo ficou bem mais bonito desde que você chegou, então sorrio e confesso, é impossível não dizer :
- Eu quero.
Irresistível não sorrir ao ouvir a resposta :
- Eu vou.

É, amor...
- Então vamos - finalizo.

Meu momento predileto ?
São tantos, mas nossa ‘conchinha’ na hora de dormir tem sido praticamente insuperável, tudo encaixa, como num LEGO, ele costuma dizer. Somos feitos de carinhos que não dormem, de abraços côncavos que nos permitem sonhar antes mesmo de dormir.
Temos construído
Solange Maia

domingo, 12 de outubro de 2014

in-fi-ni-ta-men-te maior...

O amor não força nada, ao contrário, ele abre caminho.
William P. Young
 
Há anos tenho falado sobre a vida e sobre o amor. 
Já escrevi antes sobre 'primeiras vezes', e sobre algumas pessoas especiais. Rotulei como 'grandiosas' muitas dessas experiências, porque sim, foram mesmo grandes momentos. 
Mas a vida, surpreendente que é, veio e me trouxe o novo, 
o in-fi-ni-ta-men-te maior, o inacreditavelmente mais bonito. 
E agora, que tudo foi redimensionado, só o que me vem à cabeça são as palavras de Clóvis de Barros Filho, numa entrevista que deu e que nunca mais me esqueci. Tenho-a gravada em meu celular, e ouço vezes sem fim, no trânsito, em casa, no escritório. Ele diz que devemos saber que "...estamos diante de um mundo extraordinariamente competente para nos entristecer, mas que, aqui e ali, esse mundo também é capaz de nos proporcionar grandes alegrias, grandes surpresas, e momentos que a gente nunca mais gostaria que acabassem. E são esses momentos que a gente ‘persegue’, que farão da vida, sempre alguma coisa digníssima de ser buscada, e fantástica de ser vivida."
Cheguei a duvidar dessa ‘grande alegria’, e dessa ‘grande surpresa’, mas agora, diante delas, e vivendo um desses momentos que eu gostaria que nunca acabasse, rendo-me.
Rendo-me completamente.
Rendo-me porque, de repente, sem planejamento algum, deixei você pegar na minha mão, e soube, naquele exato segundo, que você era a mão que eu havia esperado por tanto tempo.
Você foi a 'grande surpresa'.
E temos sido, desde então, essa 'grande alegria'.

E já não há mais verso. Nem prosa tampouco.
Não escolho mais as palavras.
Elas saem displicentes, indiferentes a mim. Já sabem o que querem contar.
Agora não escrevo mais para enfeitar a página.
Escrevo para enfeitar o nosso amor.
Para guardá-lo, para lermos juntos daqui a cem anos.
Escrevo porque preciso falar com você. Porque sinto saudade mesmo quando ainda está aqui, porque nosso querer não tem cabido só nos dias, só no tempo, só no agora.
Escrevo pra te fazer carinho, pra te alcançar nesse espaço mínimo antes de você chegar.
                                                                                            
E já não há mais verso. Nem prosa tampouco.
Já não escrevo palavras que alimentam o desejo, para que dele se alimentem depois. Nem faço poesias narrando incompletudes amorosas, em que amantes ora estão, oras não estão. Já não quero contar histórias de amores que se distanciaram, e que não se correspondem mais.
Já não vivo tentando lembrar qual era o gosto que faltava, o que não havia, ou onde doía.
Com você eu tenho tudo.
E, acredite, nem sabia que isso era possível.

Agora escrevo porque descobri que quero passar o resto da minha vida com você. E, porque desejo que o resto da minha vida comece o mais rápido possível.

Solange Maia