domingo, 8 de fevereiro de 2015

de repente, adeus...

Entre minhas pernas, no chão da sala, um amontoado de papéis e fotografias desintegravam-se. Não tinham mais importância alguma. Livrar-me assim, do passado, era uma benção, eu sabia, mas paradoxalmente doía um bocado.
É que houve um tempo em que 'não sentir' parecia a melhor opção.
Mas, olhando de frente e livrando-me de tudo, eu me expunha, sentia. E, sentir mudava tudo.

Tenho aprendido a acolher todas as minhas histórias pregressas, sobretudo aquelas das quais não me orgulho. Aprendi com elas. Reconheço ganhos, e hoje, sei que foram o melhor que pude fazer na época. Mas chega. Não quero mais.
Nem os papéis.
Nem as fotografias.

Ando dolorida, é fato, e quando estamos imersos nesse mar, tentando bravamente não naufragar, parece um tempo que não tem fim.
Mas tem.
Ouvi hoje cedo que são nossas fantasias infantis, também chamadas de medo, que mentem pra nós dizendo que essa dor não acaba.
Mas acaba.

E, de repente, adeus.
Passa.
Purgada a dor, só o que me vêm à cabeça é Cazuza :
porque a partir de agora, só o que quero é "todo o amor que houver nessa vida"...


Solange Maia