terça-feira, 21 de fevereiro de 2017
duas formas de oração...
A vela é só um modo de tornar
visível a nossa fé. sabemos que Deus está ali, e independe dela. Mas, de vez em
quando, a gente precisa "ver" a oração.
Assim como a mulher muda a
cor dos cabelos.
O que menos importa ali é o
tom ou o comprimento. Aquela mulher quer dizer alguma coisa. E, naquele
instante, como se assim fortalecesse o que vem construindo por dentro, ela
precisa "ver" sua transformação. Qualquer que seja ela.
E, assim, reproduz exatamente
o mesmo gesto da vela.
Muda o cabelo,
mas só o que quer é enxergar
a sua oração.
Solange Maia
quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
só uma mulher sabe...
Há
um trançar metafísico, onde quer que eu vá.
E,
cada vez que tentar definir alguma coisa, vou perdê-la num resumo tolo.
Nem
tudo carece de significado.
Trançar
é para sentir.
Não
para entender.
Será que só uma mulher sabe salvar a outra ?
Trançam seus cabelos num ciclo interminável de afeto e vagareza.
Só
para estarem presentes, sem precisar de longas explicações.
Mãos
seculares separando mechas, levando-as de um lado ao outro, sem precisar de
razões. O tempo envelhece lentamente enquanto elas ouvem e contam histórias, enquanto
acolhem solidões e aplacam dias em que não queriam existir.
Mãos
ungindo cabeças, conferindo-lhes de volta dignidades perdidas, consagrando o
fato de serem mulheres, parideiras, companheiras, complexas, amplas, agridoces.
Até mesmo em tempos exaustos cheiram a gengibre e a caramelo.
Trançam
sem descanso.
Morrem
um pouco.
Depois
renascem.
Trançam
hoje, para fazê-lo de novo amanhã. Para lembrar que o amor existe.
Trançam
porque sabem que o vento e o tempo as desfarão.
A
vida segue o rumo que pode.
Sem
permanências.
Mulheres
sabem: sempre haverá tranças por fazer.
Solange Maia
terça-feira, 7 de fevereiro de 2017
não vale a pena...
Acho
a arrogância um estado solitário.
Custo
a entender porque tanta gente precisa desse subterfúgio.
Pra
mim a soberba é sempre uma denúncia, é feita de uma nobreza que não chega. Tem urgência,
tem pressa, não sabe ficar. E
nem conseguiria, afinal, nela a verdade nunca vem.
A
arrogância é cheia de uma fragilidade que não se esconde, de uma demência, uma
ausência.
Um
modo tolo de atribuir a si um poder que não se tem.
É
prerrogativa de gente que julga que, por ter certa superioridade, seja
hierárquica, intelectual ou econômica, merece mais.
A
arrogância um estado vazio.
E
dura pouco, garanto, afinal é um estado vítreo de estrutura sólida desordenada. Se
você observar bem o arrogante está lá, mas sempre, sem estar.
Solange
Maia
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017
de algumas fragilidades...
A
menina era forte, sabida e muito corajosa.
Mas
acordou um dia sentindo medo da solidão.
Não
era medo de escuro ou de fantasmas, embora às vezes os confundisse.
O
medo que sentia era abstrato, muito mais uma sensação.
Sabia
que a solidão era uma coisa diferente de estar sozinha.
Ela
não estava.
Mas
sentia um buraquinho, um vazio, um vento gelado por dentro. E
quase ninguém via... é que muita gente não percebe pedidos de socorro.
Rezava
para que não acontecesse, mas ele vinha.
Era
um velho conhecido, antigo mesmo, desses que sentam sempre na mesma velha
poltrona.
E o
medo sussurrava uma voz de mulher: estou indo embora, e não vou voltar.
Então,
só o que restava era a solidão. Bem grandona.
A
menina ficava triste porque sabia que tudo isso só acontecia dentro dela.
Não
contava para ninguém, mas sabia mais 2 coisas: que o medo era sua alma pedindo
algo, e que tudo isso ia passar.
Só
não sabia ainda o que era...
Nem
quando.
Solange
Maia
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