Como estaria aos 18, aos 25, aos 30?
Mas o primeiro grande marco foi o ano 2000. Era um número impactante, convenhamos. Eu teria 33 anos. Imaginava um cenário perfeito e uma vida adulta consolidada. Não aconteceu. Vivi nessa fase um dos meus maiores reveses.
Hoje faço 50 anos, e, evidentemente esta também foi uma data imaginada, lá na infância e outras vezes no princípio da vida adulta. Meio século. É engraçado. É muita vida.
De tudo o que vivi o que mais me define talvez sejam 2 coisas: sei contar minhas bênçãos... e amo a vida com força.
Agradeço por tantas experiências, por tantos amigos, por minha filha linda, pelo meu amor, por tantos lugares, cores e cheiros. Agradeço por minha família, por minha cabeça sempre aberta, por caberem tantas coisas em mim, por meu desejo que não cessa, por sentir demasiadamente e por amar o amor.
Hoje, mais uma vez, a vida está bem diferente de como imaginei que estaria.
Conto minhas bênçãos logo ao acordar, e agradeço, mas meu coração aperta.
Não tenho tido dias fáceis.
A primeira coisa que vem à minha cabeça é uma carta que Henfil escreveu à sua mãe um dia antes do meu aniversário de 38 anos. Seu irmão estava exilado, ele agoniado... e a carta dizia assim: “Não suporto mais a saudade sufocante do meu irmão Betinho. (...) Perdoa, mãe, mas biscoito de farinha só é gostoso se mastigado olhando nos olhos do irmão que sente na mesma hora a mesma delícia.”.
É assim que estou, querendo comer biscoito de farinha com minha irmã. Como se estes últimos dias nunca tivessem existido. Como se os que virão também não.
Afinal, é verdade, tenho meio século, mas a vida tem mistérios que ainda não aprendi a entender...
Solange Maia
Ana Beatriz Maia, bora viver mais uns 50, né, mana?
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