quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017
só uma mulher sabe...
Há
um trançar metafísico, onde quer que eu vá.
E,
cada vez que tentar definir alguma coisa, vou perdê-la num resumo tolo.
Nem
tudo carece de significado.
Trançar
é para sentir.
Não
para entender.
Será que só uma mulher sabe salvar a outra ?
Trançam seus cabelos num ciclo interminável de afeto e vagareza.
Só
para estarem presentes, sem precisar de longas explicações.
Mãos
seculares separando mechas, levando-as de um lado ao outro, sem precisar de
razões. O tempo envelhece lentamente enquanto elas ouvem e contam histórias, enquanto
acolhem solidões e aplacam dias em que não queriam existir.
Mãos
ungindo cabeças, conferindo-lhes de volta dignidades perdidas, consagrando o
fato de serem mulheres, parideiras, companheiras, complexas, amplas, agridoces.
Até mesmo em tempos exaustos cheiram a gengibre e a caramelo.
Trançam
sem descanso.
Morrem
um pouco.
Depois
renascem.
Trançam
hoje, para fazê-lo de novo amanhã. Para lembrar que o amor existe.
Trançam
porque sabem que o vento e o tempo as desfarão.
A
vida segue o rumo que pode.
Sem
permanências.
Mulheres
sabem: sempre haverá tranças por fazer.
Solange Maia
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Maravilhoso texto. A sensibilidade da Alma aflorada em palavras. Bonito mesmo, de se ler, sentir; de apreender pra si a lembrança do igual sentimento identificado ali.
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