domingo, 27 de junho de 2010

quando menino

Sei o que te faz calar.

Sei exatamente quando vai se render a mim.

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E é nessa hora, quando sua matemática só faz errar, quando a lógica se estreita, quando o óbvio se desintegra, quando tudo que você ensina vale nada, é aí que te amo.

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Amo-te na sua vulnerabilidade, entre minhas coxas.

Quando não é de ninguém, quando não há o tempo,

quando é capaz de cometer erros, de ser irresponsável, louco.

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Amo-te entre minhas pernas.

Quando é menino, e quando sabes bem menos do que eu.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

desses dias sem norte...

(clicado por mim - junho.2010)
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Agradeço pela estrada, pela família, pela saúde, pela paz...

Sim, sei contar minhas bênçãos, que não são poucas.

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Mas confesso que de vez em quando tenho os olhos vagos.

E caberiam neles outros sonhos, outras histórias.

Em dias assim tenho a alma exposta, e o chão estreito.

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Acho que é porque de vez em quando me sinto tão perto de tudo que poderia ter sido, assim como se houvesse só uma porta me separando das alegrias todas, e me posto ali.

Como um cão que aguarda o dono mesmo sem a certeza de sabê-lo ali.

Finco-me e fico. Sem tempo. Sem norte.

Até passar...

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Nem sei bem o quê procuro.

Só sei dessa busca que tento disfarçar.

E sempre o faço.

Mas o que queria mesmo, era parar de procurar...

sábado, 19 de junho de 2010

desse amor vira-lata...

Gosto mesmo é desse amor sem rebuscamentos, meio vira-lata, de mãos desobedientes, de pele febril, de segredos violados.

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Porque quando te quero é pelo tempo que dura um dia inteiro, e mais.

É para incendiar-te, poro a poro, de invasão tamanha que te deixe tonto, e que dessa vertigem surja sempre um pecado doce, desses de melar a alma.

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E, se vejo luzes vadias clareando teu corpo, percorro-o inteiro, mais uma vez, sem recuos, querendo ver o que você leva por dentro, como se exposto à luz, isto fosse possível.

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É que te amo.

E não há lugar melhor neste mundo prá você do que em mim.

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Então hoje quero te compor

um poema de amor...

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porque como dizia Nelson Rodrigues :

"Ou a mulher é fria, ou morde.

Sem dentada não há amor possível."

sexta-feira, 18 de junho de 2010

falando prá você, meu filho...

(Prá você Brú, meu amor, que não saiu da minha barriga só por acaso...)
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E a gente vai crescendo e começa a aprender a contabilizar perdas e ganhos, como se o amor fosse matemática.

Aprende a usar estratégias, a ser malicioso,

Como se gente fosse um fragmento exato.

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Na verdade acho que a gente desaprende,

perde a espontaneidade, e quase sempre a capacidade de perdoar,

E o duro é que a gente acha que é assim mesmo, que está tudo bem,

que agora sim sabemos lidar com as emoções.

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É... a gente endurece.

E eu não quero te ensinar nada disso...

Prefiro seu sorriso cheio de dúvidas, essa tristeza pura, e essa vontade de ser só feliz.

Gosto dessa sua desproteção...

sábado, 12 de junho de 2010

homem tem que saber olhar...

(imagem clicada por mim em 07.06.2010- um privilégio do acaso !)
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Poucas coisas encantam mais uma mulher do que um homem que saiba olhá-la.

Porque é diante desse olhar que nos rendemos ao amor.

Mulher precisa se sentir desejada, mexida por dentro.

Ao ser olhada deve haver um pecado presente, mesmo que disfarçado.

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Beleza ? É o que “acontece”, não o lado de fora.

Prá nós a aparência é só um playground vazio...

Homem precisa mesmo é saber olhar uma mulher.

E olhar também vale se for com as mãos, com a alma, com o respirar.

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Porque mulher se seduz pelo que antecede, pelo que pode ser,

por aquele “algo” na gente que levita, flutua... pelo espasmo, pela abstração.

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A prosa ? Deve ser boa,

mas a poesia tem que ser ele.

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Porque homem que sabe olhar assim precisa de poucas palavras.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

quando voltar é isso

(foto clicada ontem por mim...)
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Só sei ser ida, se sei que volto.

Porque quando longe, todos os meus sorrisos escondem um nó,

toda minha alegria traz uma saudade abafada,

todos os caminhos me dão a medida do voltar.

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É que sou de casa, dos meus amores, dos ventos que fazem música nas folhas dos eucaliptos.

Sou do café quente, da rotina doce, do meu Brasil.

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Porque esses lugares todos são lindos de se ver,

mas quero ficar só o tanto que me permita conhecer a extensão dos meus quereres.

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Sei que o mundo pode ser o meu quintal, e é.

Mas é em casa que descanso.

Só em casa.

sexta-feira, 4 de junho de 2010

céu aberto

(imagem clicada por mim - Jardim Botânico - SP - abril.2010)
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Estou indo.

Mas, como disse Guimarães Rosa :

Tudo, para mim, é viagem de volta.

E é mesmo essa a impressão.

Porque quando na estrada volto àquela menina que caminhava sem reservas, que dançava com o novo, que continha um mundo na alma, e muitas coragens na mala.

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Nesses dias me vejo livre do filtro imperfeito do cotidiano, dos disfarces que mal cabem em mim, da vulnerabilidade das limitações.

Porque quando livre, tenho um jeito solto de (r)ir.

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E quando saio ao mundo sei estar num oratório a céu aberto,

sei agradecer às gentes, às histórias, às diferenças.

Caminho, expando, estendo, sabendo que cresço mesmo é por dentro.

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E gosto disso, sabe ?

terça-feira, 1 de junho de 2010

preciso mesmo é de uma estrada

(imagem clicada por mim - maio de 2010)

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Tem horas que precisamos de qualquer coisa que nos lembre o sabor da liberdade.

Não dessas que contém atrevimentos, mas daquelas que nos cabem,

que nos fazem ter certeza de que é a nós que pertencemos.

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Preciso de alguns dias para ocupar o tempo desocupando os pensamentos.

Porque é assim que ajeito as coisas : renovando o ar, abrindo novos espaços, restaurando o entusiasmo.

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Não me reconheço nos limites.

Preciso de vento na cara,

de um pouco de silêncio,

de pés descalços,

de terra batida.

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E, vez ou outra, preciso mesmo é de uma estrada.