quinta-feira, 13 de abril de 2017

biscoito de farinha aos 50 anos...

Quando era menina brincava de imaginar como seria minha vida adulta.
Como estaria aos 18, aos 25, aos 30?

Mas o primeiro grande marco foi o ano 2000. Era um número impactante, convenhamos. Eu teria 33 anos. Imaginava um cenário perfeito e uma vida adulta consolidada. Não aconteceu. Vivi nessa fase um dos meus maiores reveses.

Tiveram outras datas. E outras surpresas. Não dei uma bola dentro! Mas, mesmo diante dos obstáculos, a vida foi encantadora sempre. E generosa.

Hoje faço 50 anos, e, evidentemente esta também foi uma data imaginada, lá na infância e outras vezes no princípio da vida adulta. Meio século. É engraçado. É muita vida.

De tudo o que vivi o que mais me define talvez sejam 2 coisas: sei contar minhas bênçãos... e amo a vida com força.
Agradeço por tantas experiências, por tantos amigos, por minha filha linda, pelo meu amor, por tantos lugares, cores e cheiros. Agradeço por minha família, por minha cabeça sempre aberta, por caberem tantas coisas em mim, por meu desejo que não cessa, por sentir demasiadamente e por amar o amor.

Hoje, mais uma vez, a vida está bem diferente de como imaginei que estaria.
Conto minhas bênçãos logo ao acordar, e agradeço, mas meu coração aperta.
Não tenho tido dias fáceis.

A primeira coisa que vem à minha cabeça é uma carta que Henfil escreveu à sua mãe um dia antes do meu aniversário de 38 anos. Seu irmão estava exilado, ele agoniado... e a carta dizia assim: “Não suporto mais a saudade sufocante do meu irmão Betinho. (...) Perdoa, mãe, mas biscoito de farinha só é gostoso se mastigado olhando nos olhos do irmão que sente na mesma hora a mesma delícia.”.

É assim que estou, querendo comer biscoito de farinha com minha irmã. Como se estes últimos dias nunca tivessem existido. Como se os que virão também não.
Afinal, é verdade, tenho meio século, mas a vida tem mistérios que ainda não aprendi a entender...

Solange Maia

Ana Beatriz Maia, bora viver mais uns 50, né, mana?

ela sabe tudo do amor...




Ela me deu um pastel de queijo.
E uma surpresa: em meio ao caos conseguiu reunir meus pais e, de uma forma tão doce e criativa, minhas 2 irmãs (elas ao telefone). Colocou sobre a mesa da sala o bolo, já aberto e de antes de ontem, de limão siciliano. As velas, com os números 1 e 2, haviam sido usadas no seu aniversário. Finalizou com um bilhete lindo. Exatamente como sabe que eu amo.

Ela me deu TUDO, sem precisar de quase 'NADA".
Tão nova e já entende do amor e de seu desprendimento.
É, ela me deu um pastel de queijo.
E, mais uma vez, fez meu coração transbordar.

Solange Maia