segunda-feira, 29 de novembro de 2010

invisibilidade...

A música tocando alto no andar de cima. Elis Regina. E eu querendo ser sugada pela janela, ser urgentemente levada para outra vida, para outro andar, para muito longe.

Há quanto tempo não encho a casa de música ?

Logo eu que gostava tanto.

Mas estou aqui, e custo a entender porque não me movo.

Choro na sala. E sou (transparente) invisível.

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E só o que eu queria, era ser cuidada.

Queria caber dentro de um abraço, de um afago doce, de um bem querer.

Ando tão só...

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domingo, 28 de novembro de 2010

m.e.m.ó.r.i.a.s

Trago comigo tantas paisagens internas...

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Lembro das manhãs lá da praia. Eu acordava cedo e saía para caminhar, sozinha. Devia ter uns 15 anos. Aquela brisa fria, vinda do mar, e meus pés na beirinha. Lembro de entrar em casa e sentir o cheiro do pão fresco. Um saco pardo sobre a mesa.

Lembro de quando era menor, e da poeira fina que eu via iluminada pelo sol quando batia com as mãos no cobertor, eu tinha certeza que eram pequenas fadas. Ainda gosto de achar que talvez realmente aquelas poeiras fossem fadas.

Lembro do baú de fantasias e da linda camisola azul, que eu vestia achando que era roupa de festa de uma princesa medieval. Naqueles dias eu trazia uma alegria por dentro, e era assim que eu queria sair para a rua.

Lembro de quando fazíamos uma fogueirinha na calçada e do vento fazendo o fogo mexer, e dos meus olhos, presos naquela dança, hipnotizados pelos laranjas da natureza.

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Essas memórias ainda passeiam por mim.

Fazem-me flutuar, me salvam.

Diante delas acredito mais uma vez que o tempo não existe.

Ontem, eu era assim.

Hoje, sou também.

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Todo mundo pode voar.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

mulher “quase” fatal...

Pinto as unhas de vermelho, e faço caras no espelho.

Às vezes acordo assim, querendo ser uma mulher fatal,
mas logo perco o passo, erro a pose,

é que sou tão sentimental...
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Se quero ser desajuizada, uma linda mulher vulgar,

preciso saber acender meus beijos sem afetos,

esfregar meu corpo ao teu, sem me faltar o ar.

Mas assim que te toco, minhas mãos teimam em percorrer-te inteiro,

e só me satisfaço então, com o amor.

E fracasso.

Qualquer suspiro seu me comove.

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Se tento mais uma vez,

e tiro a roupa na luz, mostro-me.

Só meu corpo. Toda nua.

Mas, se por dentro sou sua, como abstrair ?

Fingir ?

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Mas como posso, se trago o amor na boca ?

Como posso, se há só poesia em mim ?

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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

das nuvens que eu vejo...

Sento sozinha como nunca fiz antes, mas meu silêncio não me desampara.

Há um quase desconforto, e para consertar acabo me deitando.

Olho as nuvens enquanto na verdade observo a mim própria.

Cansei de levar o caos no peito.

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Hoje não quero explicações.

Quero só existir.

E por isso começo a entender que você não vem.

Não importa. É a mim que aguardo.

Pela primeira vez.

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Tudo aqui dentro resolveu se transformar.

Meus sonhos e desencantos.

Mas resta um branco bom, como a nuvem de açúcar de confeiteiro que vejo lá no alto.

Sinto então a chance de um recomeço...

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É... tem muita coisa acontecendo em mim.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

outra história, da mesma Solange...

sou do inverno ........... ela do outono

sou das letras ............ ela das palavras

sou do silêncio ........... ela da prosa

sou do mato .............. ela da cidade

sou do algodão .......... ela da seda

sou da vanguarda ...... ela da elegância

sou dos livros ............ ela das teclas

sou do dia ..................ela da noite

sou da água .............. ela do vinho

sou dos copos ............ela das taças

sou dos olhos chocolates, ela caramelos

sou Maia, ela também

somos irmãs

somos do bem

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Dos nossos caminhos, de nossas vidas, do nosso cotidiano, nasceu o MIMO CHIC, um blog que conta outra história, da mesma Solange...

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Vou amar se você for até !


te amo Lulú... minha doce caramelo !!!

domingo, 21 de novembro de 2010

do que já me pertenceu...

Ando encerrando alguns ciclos.

Parece simples, mas para mim ainda é um pouco assustador.

Meu coração fica miúdo, como se, encerrando uma felicidade que já me pertenceu, eu estivesse subtraindo de mim alegrias raras.

É como se encerrasse também, de alguma forma, um pedaço meu.

E sinto-me (quase) subtraída.

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Acho que é só essa minha imensa vontade de fazer eterno.

De fazer durar qualquer alegria.

Então é preciso coragem.

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Mas como disse minha irmã Bia, algumas fases vividas ficam bonitas onde estão : no passado, na nossa história, na construção de quem somos nós.

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Começo então a sentir um acréscimo de estima por mim mesma...

E permito-me novos sorrisos !

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

não há poesia possível...

Tem algumas solidões que são impossíveis de serem contadas.

Mas podem ser percebidas.

Estão ali, na sutileza de uma palavra que nunca será ouvida,

na resignação diante de uma ausência, na renúncia a um amor.

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E doem mais essas solidões subentendidas, aquelas às quais nos acostumamos, as que já nem sabemos como sentir...

Porque tem distâncias que não se dissolvem nunca, abraços que jamais serão dados, momentos que não serão compartilhados.

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Não falo da solidão física, esta é óbvia, e surpreendentemente não tão só.

Falo da solidão que vaga entre nossas sombras e nosso abandono,

daquele pedaço de vida que nos é mais seco, do deserto que a gente não queria atravessar.

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Não quero poetizar a solidão.

Diante dela não há mesmo poesia possível.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

escondido entre os ganhos...

Sou uma mulher comum. Sorridente, educada, batalhadora, me dou fácil às pessoas.

Por isso, em mim, o que prevalece é a impressão de que tudo está sempre “ok”.

Ouvi algumas vezes que já tenho o que procuro.

Mas só eu sei desse meu desamparo.

E meus dias seguem assim.

Uma mistura de paz infinita com a pungência de uma solidão interna.

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Mas ninguém, ninguém vê.

É que tenho essa vontade imensa de viver,

misturada a uma calmaria de quem já vive...

E é difícil explicar.

Tenho tantos ganhos, tantos risos, tantos afetos.

Tenho tudo.

Menos alguém para levar embora esses meus olhos tristes...

sábado, 13 de novembro de 2010

quem não quer ?

Livre-me de tudo que possa travar em mim o amor...

Lembre-me que, embora controverso,

o amor sempre é lindo...

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Adão e Eva

Marco Antônio e Cleópatra

Auguste Rodin e Camille Claudel

Dante e Beatriz

Romeu e Julieta

Hamlet e Ofélia

Tristão e Isolda

Orfeu e Eurídice
Vita Sackviller e Virginia Woolf

Oswald de Andrade e Pagú

Orson Welles e Rita Hayworth

Rosselini e Ingrid Bergman

Humphrey Bogart e Laureen Bacall

Arthur Miller e Marilyn Monroe

Frank Sinatra e Ava Gardner

Jean Paul Sartre e Simone de Beauvoir

Onassis e Maria Callas

Juan Peron e Evita

Salvador Dali e Gala

Sérgio Buarque de Holanda e Maria Amélia

Otelo e Desdêmona

Diego Rivera e Frida Kahlo

Dorival Caymmi e Stella

Carlo Ponti e Sophia Loren

Jorge Amado e Zélia Gattai

Lampião e Maria Bonita

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

o amor que ainda quero viver...

É que volto sempre na mesma tecla...

e hoje acordei de novo com essa “falta”.

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Mas diferente dos outros dias, acordou também uma explicação, v.a.g.a.r.o.s.a e abusada de metáforas, mas uma explicação.

É que, em mim, “falta” é um querer tão pensado, que quando vestidinha prá festa, até parece uma dor.

Mas a “falta” ao acordar, assim de pijamas (sem estar pensada) não é tão doída assim, e quase acho que é só uma falsa sensação de vazio.

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Falsa porque minha “falta” não é vazia.

É cheia.

Cheia dessa minha busca pela palavra linda ainda não dita, pelo melhor encontro, pelo momento perfeito.

Minha “falta” é meu aval para seguir em frente,

é o caminho que ainda quer ser percorrido.

É o que me põe com sede.

O que me faz ter estampado nas letras o amor que ainda quero viver...

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Minha “falta” pediu espaço para postar Pablo Neruda.

Aí vai...

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"Quero fazer contigo o que a primavera faz com as cerejeiras."

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

bastariam suas mãos...

Ando cansada de ser resumida. De ser abreviada.

Nem de longe sou tão simples assim.

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E se ando desaguando no sofá, assim, no meio da tarde,

é porque desejo tanto ser percebida.

Queria não precisar explicar, nem minhas falas, nem meus silêncios.

Queria alguém com boa intuição, que entrasse por baixo das portas, pelos vãos, pelas frestas.

Alguém para me fazer esquecer esse vazio embaraçoso...

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Fico nua. Você não vê.

Te abandono. Você também não vê.

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Vê só o meu resumo.

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E olha que eu não queria nenhuma felicidade inédita.

Bastariam suas mãos.

E, talvez ouvisse assim :

- ...guarda-me...

Porque é tudo que eu queria.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Saudade ? Agora não, obrigada.

Só sei que acordei e já não doía mais.

Nem mesmo a quietude me incomodou.

É que não tinha mais aquele peso, aquela importância.

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E pensar que de tanto querer entender aquele amor,

quase perdi o passo.

Não vi o tempo correr.

Não vi a gente ficando diferente.

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E, de repente, aquela antiga história já não cabia em lugar algum.

Deve ser assim que os amores acabam.

Um sempre parte. E o outro fica.

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Saudade ? Agora não, obrigada.

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Posto isto, ponho uma música prá tocar, fico descalça e viro flor.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

nada demais...

E foi assim...

Sua mão descobriu a dela e logo foi lhe puxando para um passeio.

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Ouviram uma dessas músicas de ser feliz, e o céu daquela tarde pareceu ainda mais imenso.

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E a alegria, que ela tinha no céu da boca, escondida nesses tempos de recolhimento, saltou num riso leve, divertido, desses sem compromisso algum, e lhes deu abrigo.

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Ela queria morar naquele momento.


terça-feira, 2 de novembro de 2010

e agora ?

TENHO UMA ALEGRIA
NO CÉU DA BOCA
ESPERANDO PARA SER DITA...

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

teimosia...

Acho que amo com certa falta de jeito.
Talvez por que eu tente compreender o amor, a despeito de saber (intuitivamente) que ele está além do entendimento.
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Às vezes acordo menina, e tenho a impressão de que enfim o sei, de que o amor é isso, ou aquilo.
Mas esses são sempre dias de vento, quando tudo sai do lugar, quando minhas crenças perdem-se logo depois de terem sido encontradas, e restam a mim somente um embaraço e um riso tímido.
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É... quanto mais me encho de certezas, mais frágeis tornam-se minhas convicções.
O amor é, definitivamente, insubordinado.
E eu, eu sou teimosa.