terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Quando seus ramos se renovam e suas folhas brotam, está próximo o verão. (Mt 24.32)

- Senhores passageiros queiram apertar os cintos de segurança, vamos partir em 5 minutos - disse minha prima, que estava uns três galhos acima de nós.

Aquela FIGUEIRA foi nosso “avião” por muitos anos.

Era uma árvore enorme, de tronco retorcido e galhos baixos e fortes, por isso, mesmo “nas nuvens” estávamos sempre muito perto do chão.
Naquele tempo era comum brincar assim... os recursos eram naturais, televisão era um estraga-prazeres, a imaginação nosso melhor brinquedo, era o que nos conduzia por horas fio num mundo mágico onde os figos eram ao mesmo tempo nossa comida e nossa munição, os galhos eram poltronas elegantes, e a árvore nos levava aonde quiséssemos ir.

Mesmo muitos verões depois, ainda trago comigo um cheiro que mistura terra e figos... se fechar bem os olhos, ainda posso senti-lo.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Espera

Acho engraçadinho seu jeito mimoso de fazer beicinho quando digo que vou sair um pouquinho, mas que volto logo.
Sempre digo que vou à padaria, mas normalmente vou a outro lugar... Estranho pensar que por toda minha vida fui eu quem esperou por você.
E esperei muito mais do que nove meses, esperei por você desde que me entendo por gente.
E agora, de uma forma diferente, mas acho que com o mesmo coração que tem sede, é você quem me espera...

Cinema Paradiso - 1989

Poesia em estado puro... dessas imagens que dispensam palavras...

E devolveram-lhe todos os beijos que dele haviam sido escondidos...

domingo, 28 de dezembro de 2008

Acho que a música diz por si só...

Desligue a música do blog,
clique em cima do nome da canção aí embaixo, e ouça...

Oswaldo Montenegro - A lista

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

169 ROUTE – Minneapolis

Aquela infinita estrada à minha frente formava um “V” de asfalto que ia rasgando o verde desenhando uma linha sinuosa que se perdia lá na altura do horizonte. Um caminho inteiro a ser desvendado, e a companhia aconchegante das minhas irmãs me fez imaginar que aquela estrada me levaria de volta no tempo... talvez às brincadeiras na areia, à pequena casinha de bonecas no quintal de casa, ao peixe-balde vermelho, ao nosso porco espinho de borracha, à poeira de giz, papéis de carta cheirosos, tudo estava lá na frente, no final daquele caminho.

Estava há 11.000 milhas de casa, e a cidade que levara embora minha irmã caçula, tornava-se aos poucos um cenário mágico e surreal, com seus celeiros vermelhos, macieiras carregadas, alces, lagos congelados, abóboras gigantes e patos que pareciam tirados de gobelins da Idade Média.

Éramos nós, a estrada e o tempo. Tudo lindo, mas sentimos um frio na barriga. Ligamos o som num volume mais alto do que o costume, colocamos uma música especial para encher o ar, e, apesar da nenhuma pressa, e da beleza iminente, tivemos imensa vontade de voltar para casa.

Uma resposta...

Sim, eu ainda acordo no meio da noite e saio no terraço para ouvir os eucaliptos...
Não é mais o mesmo terraço, nem os mesmos eucaliptos, mas ainda ouço a respiração do mundo, e isso ainda me faz sentir viva.
Normalmente a noite é silenciosa, e sinto paz dentro de mim.
Mas hoje não.
Hoje a noite está cheia de sons, de palavras, de sentimentos e de lembranças.
Hoje tem um monte de coisas dentro de mim.
Uma inquietude.
Uma falta sei lá do quê.

Queria te saber ali. Queria só a sua respiração e o ar deslocando entre nós.
Talvez a gente sentisse o calor do corpo um do outro, mesmo sem nos tocarmos.
E depois eu seguraria as tuas mãos e sentiria o calor da tua pele. No escuro... na ausência absoluta de tudo que não fosse alma.
Queria te ouvir, e queria te falar... a despeito do muito silêncio que se faria (só o silêncio fala o que as palavras não traduzem).
Porque é assim que nossas almas iriam tomando forma, iriam virando a gente...
E que nossas mãos fossem pontes entre duas almas...

Porque “encontros” devem ser reais, e não “perfeitos”.
Porque as verdades podem até ter curto prazo de validade, mas que BOM seria se pudessem ser renovadas a cada dia, até o dia em que a gente não quisesse mais...


Solange Maia

sábado, 27 de dezembro de 2008

2009... e Família !

Quanto mais eu vivo, mais percebo a sorte e a riqueza de pertencer a uma família, e entenda-se por família qualquer núcleo afetivo, independente de laços convencionais.

Na família há o amor térmico, o aconchego e a companhia por todo nosso viver, e considerando que cada um, definitivamente, processa a vida de uma maneira, há também as diferenças. E são estas diferenças que desfazem estes laços muitas vezes, mas que hoje, percebo que, se experimentadas e vividas com o coração, podem nos proporcionar a chance de crescermos imensamente.

As diferenças nos completam, somam-se, criam um caleidoscópio de possibilidades, como que se olhando cuidadosamente, com os olhos dos outros, pudéssemos ver através de um prisma mágico novos horizontes.

E que possamos então, enxergar as diferenças sempre como SOMA. É o que desejo para 2009 !!!


IMAGEM : Tarsila do Amaral - A Família

Colo de Mãe

Quase 40 anos se passaram, e hoje, enxergo minha mãe exatamente como nessa fotografia.
É assim que quero estar, por que colo de mãe é para sempre.
Colo de mãe é o que nos embala por toda vida.
Colo de mãe é a coisa mais séria do mundo !

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

GUARAPUAVA - Primeiras Lembranças de Eucaliptos

Já fui sim menina-caipira.

Nos idos dos anos 70 morei numa cidadezinha rural, de ruas tortas, de terra batida, casinhas de madeiras com seus enormes quintais. Tinha pouco mais de 5 anos, e é uma de minhas lembranças mais antigas. Lembro do piano da Tia Même, dos enormes besouros, do poço no fundo da casa, da Igrejinha, do capeletti in brodo, das araucárias gigantes e de muitas, muitas toras de eucaliptos... toras de onde eram feitas a lenha que enchia o ar com um cheiro sempre ocre, perfumado, de um frescor inesquecível.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Chacal...


"Vai ter uma festa
Que eu vou dançar
Até o sapato pedir pra parar
Aí eu paro
Tiro o sapato
E danço o resto da vida..."