terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O céu como moldura

É sempre assim.
Quando vejo que o ano está acabando começo a olhar para minhas mãos.
Olho-as como quem procura pelas histórias que ficaram escondidas entre os vincos e a pele.
Vejo que, aqui e ali, a vida que se incorporou a mim deixou suas marcas.
E faço um balanço.
Gosto de prestar contas a mim mesma.

Olho para minhas mãos mais uma vez, agora contra o céu.
É sempre assim.
Quando vejo minhas mãos de novo preciso do céu como moldura.
Como se assim eu tivesse certeza de dias melhores.
E torço então, para que minhas alegrias nunca se acanhem.

Obrigada Senhor... porque ainda sei acreditar.
E não dispenso nada.

Nenhum dos 365 dias que estão por vir.
Vou vivê-los até o talo.

Até a raiz.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal pode ser diferente...

Às vezes queria que o Natal fosse um pouco diferente...

Que cada um de nós pudesse fazer uma pequena diferença.
Que estendêssemos um pouco mais as mãos.
Que tocássemos a vida de alguém.

Desejo então, que cada um de nós possa ser Papai Noel a favor de alguém...
De coração aberto e mãos estendidas.

Afinal, prá mim Natal é amor.
E, todas as vezes que amamos,
todas as vezes que nos damos, é Natal.

sábado, 19 de dezembro de 2009

eu não duvidava de nada...

Mal acabei de virar a esquina e lá estava ela.
Branquinha, sem o portão baixinho dos velhos tempos, mas com os mesmos tijolos aparentes.
As árvores estavam enormes, e o grande terraço na frente da casa já não parecia tão grande assim.

Fui a menina daquela casa.
Correndo de pés descalços, atrás dos sonhos que insistiam em multiplicar.
Conheço cada canto dali. Cada rocha, cada curva, cada mar.
Já foram meus castelos, fortalezas e esconderijos.

A casa, simples. A rua, de areia. E o mar ficava tão perto.
Naquele tempo o mundo acontecia em outra velocidade.
Meu pai era o homem mais forte do mundo. Minha Bisa fazia as melhores tortas de Natal. Ser adulto era ser alguém de outro planeta. E eu, eu não duvidava de nada.

Parada ali, percebi o tempo.
Parece que foi ontem.
Caminhei até a beira d’água, estendi os braços e senti o vento.
Cruzei os dedos, e torci para nunca perder aquela menina de mim.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu tinha uma carruagem...

Quando a gente nasce parece que sabe direitinho o que é a felicidade.
Depois acho que a gente vai desaprendendo.

Era tão mais fácil fazer amigos. E pouco importava o nome deles.
Ter um riso franco esparramado pelo rosto era a melhor maneira de começar bem um dia. E pouco importava se chovia.
Bastava um graveto para termos um cajado.
Um carrinho de mão para termos uma carruagem.
Tínhamos a persistência dos bons e a coragem dos batedores de pênalti.

Mas, de repente, a gente começa a se preocupar demais com o quê os outros vão achar.
E começam também a surgir os desertos de dentro, e a gente parece cansar mais rápido de quase tudo.
Logo estamos racionalizando afeto, aprendendo a timidez e gostando escondido.
Como se fossemos encolhendo a alma ao longo do viver.

E a gente aprende o medo.

Como esse que sinto agora.
Porque ainda quero declarar amores, deitar na grama, ver figuras nas nuvens e inventar histórias.
Ainda quero saber a felicidade.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

alegrias


Ontem fiz coisas tão simples...
.
Demorei no abraço antes de sair da cama, tomei banho cantando, comi pão com manteiga, andei a pé, dividi guarda-chuva, bebi suco de melancia, senti vento no rosto, ouvi gente boa falar, escrevi carta, acreditei em Papai Noel...
.
É...ontem sorri as alegrias de um ano inteiro.
.
Ontem me senti tão inteira.

hoje fiquei tão forte...

eu, deitada com meu pai

"Como fica forte uma pessoa

quando está segura de ser amada..."

Sigmund Freud

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Muito Obrigada ! (como meu Blog nasceu...)

Há um ano eu mal sabia o que era um Blog.
Mas tinha lido uma matéria na revista Seleções Reader’s Digest sobre uma publicitária muito especial, e lá estava a sugestão para quem quisesse conhecer um pouco mais daquela história : seu Blog.
Não acessei imediatamente, mas alguns meses depois lá estava eu.
Navegando pela primeira vez num Blog.

Dali até a criação do Eucaliptos na Janela, foi uma questão de minutos.
Era dia 26 de dezembro de 2008, um feriado para mim, que tinha emendado do Natal até o Ano Novo.
Estava cheia de palavras querendo sair...
E sempre gostei de escrever.
Crônicas.
Mas aqui aprendi a sintetizar, a colocar menos palavras e mais sentimentos.
Aliás, aprendi muito mais.

Aprendi que quando a gente está com o coração aberto os ganhos são inevitáveis.
Aprendi a respeitar e a admirar pessoas que sequer conheço “ao vivo”. Suas histórias e suas vidas.
Aprendi até a amar algumas delas.
Aprendi que de vez em quando um comentário, em algum texto meu, fazia raiar um enorme sol em meu dia.
Que o mundo virtual não é pálido ou fosco, como diziam.

É... conheci muita gente boa por aqui, me emocionei, aprendi, cresci.
E saí, desse 1° ano por aqui, absolutamente enriquecida.

Muito, muito, muito obrigada.
A cada um.
Porque, de diferentes maneiras, cada um de vocês modificou para melhor a minha vida.

Beijo na alma !

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O despontar

É impressionante como tem gente que nos remete a nós mesmos.
Que faz pensar o que estava guardado num canto, escondido na sombra dos pensamentos.
Tem gente que tem efeito colateral.
Que revolve, retorce, desalinha.
Sutil, mas desatinadamente.

E sei o quanto tenho andado por caminhos sulcados.
Minha noite se acostumou às mesmas palavras.
Mas se sou lançada ao ar por estes encontros, se sou colocada a prova,
e se todos os meus nós são postos à mesa (até os que eu nem sabia),
Então é porque é chegada a aurora.

Quando cruzo essa gente, curiosamente saio melhor.
E hoje estou assim : ampliada.
.
.
.
Aurora
Substantivo feminino
1. Claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol, alvorada;
2. Começo, origem, princípio ou primeiro tempo de uma coisa;
3. O despontar da vida, as primeiras manifestações de qualquer coisa;

sábado, 5 de dezembro de 2009

Queria ser alcançada...

Cuido para que você não saiba o que me causa.
Acredito que assim talvez você não perceba a falta que me faz.
Não quero me tornar ainda mais vulnerável.
Mas tem dias que não passam, e me apertam o peito.

Porque tem amores que não passam.
E que por mais incrível que possa parecer, quero-te como antes.
Mas de tanto querer, entorpeço.
E enfraqueço em meu silêncio.

Coleciono perguntas que nunca faço (sim, porque são tantas as minhas dúvidas).
Receio que talvez não aguente tuas respostas.

Mas, se quando penso em tua voz mordo os lábios de desejo,
Imagine o quanto quero ser alcançada.
Meu amor por você é todo maiúsculo,
E queria tanto que não me escapasse nada...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

um pouco de mim...

não posso viver sem música
não posso viver sem minha filha
não posso viver sem as unhas feitas
não posso viver sem o "google"
não posso viver sem banho quente
não posso viver sem risadas
não posso viver sem minha cama (enorme)
não posso viver sem minha família
não posso viver sem uma garrafinha de água no carro
não posso viver sem uma prosa e um café
não posso viver sem minha máquina fotográfica
não posso viver sem um colorido nos olhos
não posso viver sem liberdade

dispenso baladas
dispenso pimentão
dispenso batom
dispenso pessimismo
dispenso médicos e remédios
dispenso moda
dispenso gente preconceituosa
dispenso bolsa pequena
dispenso bebidinhas alcoólicas
dispenso gente que gosta de sobrenomes
dispenso arrogância
dispenso comida mexicana
dispenso gente que não gosta de gente

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Saber Viver

“Pouco passado dos trinta, era um senhor de cinquenta...”
.
Engraçado como, definitivamente, não existe uma coisa independente da outra.
Corpo e mente.

O tempo passa.
Sim.
Mas é o que fazemos com ele que nos dita a vida.
É a quantidade de alegria que nos permitimos ter que nos faz ter trinta ou cinquenta anos.
É a maneira de ver, de sentir, de sonhar, de desejar...

Lendo “O Albatroz Azul”, último (e excelente) livro de João Ubaldo Ribeiro, pude aprender um pouco mais sobre essa sabedoria :
corpo e mente, vida e morte, juventude e velhice...
A vida nos é, sem que possamos planejar grandes feitos... temos o hoje, o aqui e o agora !
Façamos então valer !