quarta-feira, 29 de junho de 2011

pressentimento...

Um coração pressente

quando encontra sua outra casa...

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terça-feira, 28 de junho de 2011

a gente vai aprendendo...

Ninguém gosta da inquietação do amor.
Menos ainda do “não”.
Porque dói, afasta o sono, embaraça os pensamentos, amarrota a alma.
Mas paradoxalmente o “não” nos liberta.
Obriga-nos a arejar a casa, a encarar o novo.
Afinal, quando não dá certo,
a gente aprende a aceitar o vento e a vertigem.
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sexta-feira, 24 de junho de 2011

espartilho

É inverno no calendário ao lado da minha mesa, e eu nessa fronteira que nunca passa. São dias que não conseguem nascer.

Meu coração vai aonde quer, nunca aonde eu esperava que fosse. E fico frágil mais uma vez.

Essa ansiedade aperta em mim feito espartilho.

Por que será que acreditar ainda exige tanto de mim ?
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quinta-feira, 23 de junho de 2011

sou uma mentira...

ele olhou bem em meus olhos e disse :
mesmo quando desmoronas por dentro
teus olhos brilham por fora...”

Olho profundamente em teus olhos, e é como se estivesse olhando para dentro de mim. Há uma vulnerabilidade inquietante, que é tua, e que é minha. E em meio aos nossos crescimentos doloridos fomos ficando tão iguais que você acaba sendo minha oportunidade de repensar a vida.

Sou, em demasia. Dilato forças, resisto, expando.
Mas sou uma mentira.
E ninguém nunca notou.
Só os teus olhos.

Porque em você sou feminina, sou bailarina.
Flutuo, levito, levanto... quero ser só menina.
Seguro tuas mãos em meu colo, num gesto simples, mas tão inteiro...
É... eu dilato em você.

E teus olhos, tímidos, hesitam, mas evidenciam o tamanho do gesto.
E ninguém nunca os notou.
Só eu.
É... fomos ficando tão iguais.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

das crenças que nos povoam...

Quando eu era pequena acreditava que com 40 anos eu seria grande,

muito, grande, grande de verdade.



Hoje, com 40, me sinto ainda pequena,


muito pequena, pequena de verdade.


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sexta-feira, 10 de junho de 2011

eu, de volta...

Já fui sim menina-caipira.
Nos idos dos anos 70 morei numa cidadezinha rural, de ruas tortas, de terra batida e casinhas de madeira com seus enormes quintais. Eu tinha pouco mais de cinco anos, e é uma de minhas lembranças mais antigas.

Lembro do piano da escola, dos enormes besouros, do poço no fundo de casa, da Igrejinha, do capeletti in brodo, do frio pungente e dos eucaliptos gigantes.

Com eles papai fazia celulose.
E eu fazia poesia.
Sem nem saber. É que ficava flutuando o olhar sobre aquelas toras de madeira castanha por horas sem fim. Desta maneira tocava com os olhos o que para mim era a felicidade : um tanto de verde, de vento, e o perfume que dava significado ao ar.

Hoje, a despeito de ser (estar) urbana e cosmopolita, vejo eucaliptos daqui da janela de casa, de onde escrevo. E, de alguma forma, estão sempre em meus caminhos.
Cuido para que não sejam só memórias...

Ontem, quando comecei a escrever este blog, eram uma pergunta.
Hoje são só deslumbramento...


EUCALIPTOS NA JANELA

eu, de volta...

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quinta-feira, 9 de junho de 2011

de quando o perdão se esconde...

Numa falta de palavras, vi minha alma falando contigo mais uma vez.
- Sim, deve haver o perdão...

Deve haver, mas eu não o encontro.
Acho que é por isso que viramos silêncio.
E uma melancolia não premeditada que me assusta.
Se esse silêncio não fosse tão de verdade, duvidaria.
Duvidaria por que nunca nos faltaram palavras.
Porque sempre tivemos tantos planos...

Mas é que os homens vivem apostando corrida.
E prá você essa estrada, ladeada de descontentamentos, chama mais.
Essa estrada chama mais.
E eu ? Eu não encontro o perdão...

domingo, 5 de junho de 2011

do posível espelho...

França. Paris.
Sentada de costas para o Sena, bem à minha frente, no outro lado da rua, uma casa. E uma placa :
"Il y a toujours quelque chose d'absent qui me tourmente"
Sim, pensei... existe sempre alguma coisa ausente que nos atormenta...

Era a casa de Camille Claudel, a escultora que assim escreveu, numa carta para seu amante Rodin, em 1886. Dizem que daquela casa Camille saiu direto para um asilo de loucos, onde permaneceu por 30 anos, até sua morte.
Perdida de amor...
Perdida numa busca angustiante, com seus olhos grandes, onde se lia uma dor secreta.
Camille que excluída, se excluiu.

E que escreveu depois :
“Parece que saio à noite pela janela de minha torre , suspensa numa sombrinha vermelha com a qual ponho fogo na floresta !”

Fada ou bruxa ?
Só Camille.
Uma mulher carregando uma fantasia amorosa que lhe causou grandes devastações, uma mulher que mesmo encolhida em seu pequeno canto, ainda era demais... era demais...


Mas era só Camille.
Ela, e o possível espelho de todos nós.