sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

quando as relações querem perder a graça...

Ou a mulher é fria, ou morde.

Sem dentada não há amor possível.


Nelson Rodrigues



De repente nunca mais flores. Nem bilhetes, palavras doces ou olhares. Só a rotina.


É que ouvir “A história de Lily Braun”, na primorosa voz de Maria Gadú, me fez tentar entender o que faz as relações irem perdendo a graça.


Porque para durar talvez seja preciso ser alquimista da alma.


Há que se misturar incandescências à ternuras. É preciso saber prender, mas também soltar. Não deixar que o tempo, o cotidiano, e os dissabores, enfraqueçam o amor, diminuam o outro.


Há que se passear pelos lábios, mas imprescindível é conhecer o céu da boca amada.


Porque no amor vale tanto o corpo pesando no outro, como a suavidade do roçar das pernas.


O importante é sustentar o olhar, e desfocar tudo ao redor...


Porque o amor é feito de um blues, uma boa mordida


e um vinho barato !


O resto ?


Ah, o resto é só cenário.



terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

vou lembrando que sou mansa...

Um fio de cabelo branco e um susto. Ele não estava ali ontem. E não é só um, são alguns.
Foi assim que começou o ano.
Com a consciência do tempo em sua metáfora mais delicada. Fios brancos pela primeira vez.

E continuo a mesma. Mas, de repente fica tão mais fácil ser eu.
É que nesses dias tenho achado que tudo converge, que o universo só faz é aproximar. Aos 43 anos vou lembrando que sou mansa, que valorizo um olhar, que adoro falar através de músicas, que sinto ciúmes, e que quero ficar perto, bem perto, de preferência do lado de dentro de quem amo.
Lembro que o ser humano é gregário, e que no fundo, adoro pertencer.
Do jeito bonito que consigo.

Porque mesmo que dure só um instante, agora é justo o instante que dura para sempre.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

o que o tempo tem feito...

Caminho quase todas as manhãs num parque ao lado de casa. Hoje, quando deixava o estacionamento, o funcionário que emitia o ticket, olhou bem nos meus olhos e disse :

- A sra acredita que minha namorada me deixou ? Ela disse que o pai reprova nosso relacionamento.

E ficou me olhando. Assim, triste, como se eu pudesse ter a solução para seu sofrimento.

Enquanto pensava numa resposta que pudesse dar a ele qualquer esperança, sorri.

- Desculpe, viu ? – disse ele – é que a sra sorri bonito.

- Fique tranquilo – respondi – o tempo sabe fazer o amor caber na gente. E, se esse amor for mesmo de verdade, nem ela, nem o pai, ou o tempo, nada será capaz de evitar que vivam esta história.


É... o tempo sabe fazer o amor caber na gente.

Falei de novo, já sozinha no carro, porque assim garanto a mim essas palavras.

Porque ouvir sobre a perpetuidade do amor tem me feito um bem danado...

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sábado, 19 de fevereiro de 2011

outras histórias...

Hoje o dia amanheceu ao som de Purple Rain. Sim, a velha canção do Prince.
E foram tantas as coincidências, e tão lindas, que percebi que eram mais do que coincidências.
Era um sinal.

Dos novos tempos.




Tempo de abandonar velhas mágoas, de guardar as velhas palavras, de modificar o velho sentir...


Quero o NOVO.


Então: que venha !


Porque por aqui os Eucaliptos não estão mais na janela.


Agora moram só em mim.


E daqui por diante vou contar outras histórias...

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terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

então, please... stand by me

Às vezes a gente não sabe o que fazer, ou como fazer, e de quebra ainda se sente sozinho. Então a gente olha prá dentro e torce para encontrar alguma pista. Mas é justo em momentos assim, que de alguma forma definirão nosso futuro, que a gente encontra só o eco de nós mesmos. Um eco rouco e cansado.

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Porque em dias assim a gente precisava era de alguém...

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Afinal, se soubéssemos qual era o caminho certo, ou por qual estrada deveríamos ter vindo, porque faríamos o percurso contrário ?!

Não. Não podemos voltar no tempo, mas também não podemos mais ser reféns do passado.

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Então, não importa por onde fui.

O que importa é que estou aqui.

E isso, hoje, é a única coisa definitiva da minha vida.

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No matter who you are

No matter where you go in life

You go need somebody, to stand by you.

No matter how much money you got

Or the friends you’ve got

You go need somebody, to stand by you.

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Embora essa seja uma canção espetacular, hoje me valeu especialmente pelo lindo prefácio de Roger Ridley...

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segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

à deriva...

Eu disse uma vez que pouco importava o que o tempo faria de nós. Um dia nos cruzaríamos. Talvez num supermercado, você com teu filho, eu com o meu. E nesse instante, tudo a nossa volta perderia a importância. Seríamos só você eu mais uma vez.

Cresci assim, com essa paz. E embora nossas vidas tenham tido caminhos contrários, havia essa certeza.

E era nela que eu me agarrava.

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É que às vezes achava tanto que a gente podia ter um final feliz.

Mas talvez seja nosso destino nos encontrar e nos separar sempre.
Talvez tenha sido assim antes. Talvez seja assim agora.
O que eu sei é que te amar tem sido sempre um não alcançar...

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Queria que não houvesse porto para ancorar esse barco.

Queria ficar a deriva, em alto mar, sem medo da brevidade do instante.

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Você ainda me olha.

E eu ainda te quero.

Por isso, apesar de tudo que nos separa, sabemos que não nos desligamos.

Acontece assim, e aí eu não saro.

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

da lindeza dos pequenos gestos...

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Sou paulistana.

Moro de um lado do rio, e trabalho do outro.

Passo no trânsito mais do que 3 horas diárias.

Já inventei de cantar, de ler, de fazer teatro de fantoches com minha filha, assistir filme, escrever, jogar “o que é, o que é”, estudar...

Mas grandes idéias, e pequenos gestos podem mudar tudo.

E ressignificar velhos hábitos.

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A partir de amanhã vou é SORRIR.

Aliás, sorrio agora.

Prá você, que me lê.

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sábado, 12 de fevereiro de 2011

37 anos depois...

Éramos três pequenas meninas no chão encerado da sala. Devíamos ter 3, 5 e 6 anos. A casa de madeira tinha um perfume que ainda hoje posso sentir. E olhávamos para ela, que sentada num canto do sofá, delicadamente nos ensinava a fazer crochê - uma voltinha bem redondinha, puxa devagarzinho, e plict ! - essa era a receita.

Mas o que aprendíamos mesmo, era ficar perto de Deus. Afinal, fazíamos flores e sem precisar de palavras entendíamos o amor.

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Ontem, aos 90 anos, ela lembrou dessa história.

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Não sei mais fazer crochê, mas ainda fico no chão da sala, olhando para ela sentada num canto do sofá, e aprendo a ficar perto de Deus...

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obrigada Vó...

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saudades de Guarapuava, das ruas de terra, do leite de vaca e das agulhas de crochê...

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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

homem tem que ser assim...

Homem fica lindo quando sincero.

E se tiver algumas dúvidas, uma ou outra insegurança, certa timidez, ainda melhor.

Nada mais excitante do que ver um homem real.

Sem acessórios, frases de impacto ou promessas infundadas.

Mas com mãos firmes, e atitude.

Não me impressiono com cargos, cifras ou músculos.

Gosto mesmo é de gente, com alma e com histórias.

Belo em seus valores e em seus princípios, porque beleza “de fora” não me interessa.

Prefiro se tiver aquele ar abandonado, e se souber amar com coragem.

De homem que não seja assim, já deu prá mim.

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terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

do amor...

Já amei bonito.

Já amei para sempre.

Já amei a ponto de dilatar o querer.

É.

O amor é indiscreto.

Se esconde nos olhos,

mas depois todo o corpo o denuncia.

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O amor tem sido assim, que nem tempo bom, céu azul com vento.

E acontece que dura dentro de mim.

Mesmo depois que vai embora.

E aí então, só resta ir aprendendo a desacostumar.

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segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

do meu deserto...

Solange que conheces até o avesso. Solange que de vez em quando o assusta. Solange de longas falas e de longos silêncios. Solange com a vida engasgada na garganta. Solange dos caminhos diagonais. Solange que sabe se entregar. Solange que nunca esteve tão só, embora tenha estado acompanhada. Solange descalça e desprovida. Solange que vaga e anda. Solange que acredita que vai dar tempo. Solange que sabe perdoar. Solange que ama o amor, que acredita em finais felizes, e que tem precisado tanto deles. Solange que finge que não se importa... mas que depois morre no olhar.
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domingo, 6 de fevereiro de 2011

do teu deserto...

É que acho tão lindo esse seu jeito desamparado de pedir por mim, que poderia ter ficado para sempre te ouvindo e pensando: "Meu Deus, ele se parece tanto comigo, é tão vulnerável, e tem esses olhos verdes mais expressivos que o mundo...".

Mas isso não importa mais.

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Porque a gente soube ter o coração acelerado, o corpo suado, o beijo molhado, mas nunca soubemos sustentar uma delicadeza.

Porque sempre que eu te encontrei você estava de punhos fechados, a espera de uma cilada, de um desencontro, mas só o que eu queria era o caminho oposto, e ele estava sempre deserto.

Porque acho que você nunca soube receber ternuras.

E defendeu-se até mesmo do amor.

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Dizia que os caminhos eram muito vagos, que eu fazia planos demais, que esperava demais, que te amava demais.

É.

Você tinha razão.

Só não tinha alegria.

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Mas isso também não importa mais.

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

do que o desejo quer...

Faço malabarismo com as pernas.

Atravesso um olhar pelo quarto.

Tanta vontade, tanta utopia tonta, tantos rodopios...

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Percorro teu corpo com a boca.

Há mais desejo do que encanto.

Ensaio um passo, e me falta equilíbrio.

Fica bonito até mesmo essa alegria que não veio.

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Dou-te um beijo, então. Longo, mas vazio de significados.

E penduro essa história no varal do verão.

Porque dentro de mim o desejo quer sempre ser outra coisa...

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Sorry se eu só sei amar...

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quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

bonito é não saber...

Gosto de pensar no que aproxima as pessoas.

Elas estão lá, como sempre estiveram, mas um dia alguma pequena coisa, um instante, um hiato, faz tudo mudar. Um olhar mais demorado e uma passa a existir para a outra. No começo muito delicadamente, um pensamento aqui, outro ali. Logo passam a existir com mais freqüência, e acontece que dá uma vontade enorme de saber um pouco mais, um desejo inconfessado de ter por perto, de saber por dentro...

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Acho que acontece mais ou menos assim :

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Ainda não sei quem é você.

Também não sei por que diz o que diz, ou por que me faz sentir as coisas que sinto.

Nem sei se é de verdade.

Mas quando me escreve no meio do dia e diz que está pensando em mim, me faz pensar o resto do dia em você.

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Mas as pessoas precisam mais.

E como em tudo que é bonito, ficam procurando entender. Querem definições, querem saber.

E aí precisam das palavras, como se elas pudessem explicar o que não se explica.

Se pudesse cochichava em seus ouvidos : shhhh....

Porque bonito mesmo, é não saber.

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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

de como tenho atravessado os dias...

Ando abrindo as janelas do corpo.

É um movimento discreto, silencioso, só meu.

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Parte de mim numa omissão honesta, dura, eu sei.

A outra parte ensaiando alegrias.

E por enquanto me nutro dessa fusão.

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Atravesso a nado o rio que se instalou a minha frente.

No tempo do tempo, sem cobranças quaisquer.

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Sou o que estou.

Mas prometo melhorar...

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