quinta-feira, 28 de abril de 2011

de como começa a felicidade...

De vez em quando abro mão de tudo.
Preciso.
São dias em que me sinto cheia quanto mais vazia estou, em que o menos é maior do que o resto, é quando quero o não querer, quando um pedaço de chão e o céu sobre mim bastam-me completamente.

Estando assim, desprovida, é que consigo perceber as possibilidades.
E são tantas.
E é esse sentimento, o de que é POSSÍVEL, que me regenera.
Acho que é assim que começa a felicidade, com o vislumbre de que ela é possível.

É que acho que para sermos felizes mesmo, precisamos de tão pouco...
tão pouco...

e esse pouco é tão grande...
tão grande...



quarta-feira, 27 de abril de 2011

terra fértil

Hoje até o amor pesa.
E pesa a rotina.
Pesa até a vida.
Acho que é porque ainda não consigo fazer exatamente como eu queria.
Embora dentro de mim tenha muita terra fértil.

Posso ainda não ter a enxada,
mas sim, já estou com as sementes..

sábado, 23 de abril de 2011

monossilábica...

Não, não sou assim.
Estou assim.
O que é bem diferente.
É que ando com preguiça de gente que não se dá.
Então nem perca seu tempo comigo.
Não quero entrar no seu carro se não puder entrar na sua vida.
Não sou mulher de frações.
Quero tudo.
Ou começo a achar que as palavras são mesmo muito desnecessárias..
.

terça-feira, 19 de abril de 2011

não é preciso ser preciso...

"Perder-se também é caminho ..."
Clarice Lispector

Comigo não servem deduções.
Para me saber não é preciso ser preciso.
Sou filme sem legenda, mas de sorrisos largos que falam por mim.
Amanheço antes do dia, ao som de músicas que invento.
E duro só o instante.
Passou, passado.

Para estar comigo há que se entender meu silêncio, embora haja sempre alguém falando dentro de mim.
Percorrer-me ? Só se for devagar, estou nos detalhes.
Em mim tudo acontece quando é tempo. Já sei esperar.
Só não tenho intervalos, não preciso nem de causas, e nem de efeitos.

Entrego-me para quem me sabe.
Sou abrigo, e também sou céu aberto.
É.
Sou.
E sou eu quem vai pagar por isso.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

da matemática provável...

Acho bonito pensar que somos gregários, que vamos nos misturando, que cada um vai deixando no outro partículas próprias, que pedacinhos nossos vão fazendo parte do dia do outro, e que quando acaba o dia provavelmente a gente está maior.
Gosto dessa matemática.

Gosto dessa maneira de contar.
Nessas horas a gente substitui a fé no destino pela fé na probabilidade.
Fica mais bonito assim.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

a menina não dormia...

Era noite e a menina não dormia.
Há um bom tempo ela fazia isso quando queria colocar ordem na casa.
Mas naquela noite não. Naquela noite ela queria estender a duração dos pensamentos bons.
Porque de vez em quando o mundo dizia alguma coisa que ajudava a menina a entender que o amor é maior que a dor, e a fazia lembrar de Teilhard "Tout ce qui monte converge !", sim, o amor caminha até finalmente convergir.
E o deserto sempre acaba.

Era noite e a menina não dormia.
Mas encerrava o dia sem notas de pesar, com as janelas abertas, pronta para receber o sol da manhã.
Porque alegria era a ordem.
E ele era o sol.
.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

porque é bom caminhar...

Caminho todas as manhãs. Como fazia antes.
Mais envolvida em ser feliz do que em ser atlética. Vou desenhando minha metáfora matinal, vou alcançando o minuto seguinte, vou relembrando minhas coragens.

Caminho como se a cada passo dado uma nova perspectiva surgisse à minha frente.
Porque naqueles instantes lembro que a gente pode tudo, que somos providos de determinações e de bênçãos.
Ouço os sons ao meu redor: pássaros, vento, carros, vozes, tudo me lembra que o mundo gira, independente de nosso estado de espírito. E, se gira, quero girar também. Quero ventar, quero alcançar, quero viver.

Nem lembro bem onde, mas um dia ouvi assim :
"Quero ser um lugar onde Deus goste de estar..."
É isso.