sábado, 10 de novembro de 2012

de quando ergo a beira da saia...

Sou menina de novo assim que teus olhos pousam em mim. É que eles vão me devolvendo, pouco a pouco, tudo que eu já nem lembrava. E é justo nesse minuto que antecede o toque, enquanto estou presa nesse olhar tão cheio de promessas, é aí que não me reconheço.

A mulher dentro de mim deseja um beijo úmido que escorregue da nuca aos seios, mas a menina que mora naquele instante só sabe erguer a beira da saia, lenta e timidamente...
mas logo você me beija.

Fico tão menina que, em vez de sinos, ouço música:

  ...não somos mais que um punhado de mar
uma piada de Deus, um capricho do sol no jardim do céu...
deixe que o beijo dure...  

É.
Faz isso.
Deixe que o beijo dure.


(trouxe do novo blog para cá... não sei partir do "Eucaliptos"...)

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

de uma alegria tola...

Tateio o escuro buscando na solidão das tuas mãos alguma coisa que não seja só um ponto de interrogação. Experimento uma lentidão que quase me machuca, que quase me assusta. Nessas horas só o que sei fazer é apertar os olhos bem forte para não ver o medo.

Decido ignorar tuas dúvidas. Pouso a boca rente aos teus lábios, fico tão próxima que sinto o sal fininho do beijo arranhando a nossa pele. Ouço um gemido baixo, quase inaudível, que faz a pele arrepiar. E se lá fora o mundo mente, aqui dentro sua respiração acelerada não o faz. Tuas mãos vieram se aninhar entre as minhas pernas, e agora sei que me deseja.

Sinto uma alegria tola cuja grandeza adjetivo nenhum pode conter.


(trouxe do novo blog para cá... não sei partir do "Eucaliptos"...)

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

e se eu não souber brincar de beijo ?

Gosto de verdades ditas.
Sou prática em determinadas questões: 
ou você quer ou não quer.
Raquel de Queiroz


Tínhamos atravessado a noite atrás de palavras que pudessem justificar o beijo que queríamos dar, assim como se não soubéssemos que o desejo não cabe no verbo.
Buscar a lógica do bem querer nos deixou exaustos, 
e nosso beijo nasceu desse cansaço bonito.
E, naquela hora, o que era medo se misturou à canção.
Vi escapar um sorriso do canto da tua boca, e quase todos os sonhos couberam ali.

Mas a manhã que se insinuava, a despeito do instante, trouxe de volta a razão... e o seu discurso, que tinha se desmanchado em beijo, voltou a ser só palavra.
O dia endureceu o afeto e me senti estupidamente indefesa.
Acho então que não sei brincar de beijo.

Não se vier vazio de todo o resto.


(trouxe do novo blog para cá... não sei partir do "Eucaliptos"...)