terça-feira, 30 de julho de 2013
mãos soberanas...
Qualquer música, qualquer som, qualquer ruído seriam intrusos.
O silêncio era o verbo.
Era nele que as coisas cabiam. Inteiras.
Aos olhos restava apenas o cerrar das pálpebras.
O momento era para imaginar. Sentir.
Nenhum outro recurso podia ser tão afrodisíaco.
De olhos fechados o amor tinha outra dimensão.
Enriquecia os sentidos.
Aumentava o coração.
Nessas horas as mãos são lentas, acolhem e ratificam.
São soberanas.
quinta-feira, 18 de julho de 2013
confusão...
Ele disse que não sabia por que
eu gostava dele.
Eu também queria entender.
Depois de tantos anos descobri
que não conhecia os motivos.
Talvez fosse por causa da calma
bonita que ele traz na voz, talvez por suas falas, que comungam tanto com as
minhas, ou só por causa dos efeitos líricos que me acometem todas as vezes que o
vejo...
Não sei.
Quem sabe seja por causa do delicioso
olhar abandonado, ou por aquela fragilidade escondida que só eu vejo, ou pelos
medos que ele nem sabe, mas sente.
Estar com ele é sempre como
atravessar um espelho.
Então talvez eu goste dele por
alguma coisa muito mais simples.
Talvez porque meu acolhimento
deseje abraçar sua melancolia.
Talvez porque abraçando, me sinta
abraçada.
Não sei.
Não deve ser isso. Desconfio que também
não seja por sua inteligência, ou educação, tampouco por suas mãos que sempre
sabem desenhar flores sobre as minhas.
Só o que sei é que não escolhi
gostar dele.
Gostar dele é que me escolheu.
Eu não tenho filosofia: tenho
sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
mas porque a amo, e amo-a por isso,
porque quem ama nunca sabe o que ama,
nem por que ama, nem o que é amar...
Alberto Caeiro
sexta-feira, 12 de julho de 2013
duas seguidas...
Depois do sexo não há
nada a provar.
Nem caras, nem
bocas, nem frases de efeito. Tudo foi dito, tudo foi feito.
Eu já bebi sua
caipirinha, seu whisky, sua água sem gás.
Eu já bebi você.
Mas o que eu não te
contei é que depois da sede saciada, no cansaço da nossa nudez, sempre te
desejo mais uma vez.
O lençol desordenado,
e a fadiga dos corpos estendidos displicentes sobre a cama, me excitam.
Você já quase sem
forças, não pensa, mas fica ali... e tem um jeito tão sexy de dobrar as pernas
enquanto descansa...
Também não te contei
que você parece muito mais de verdade assim.
Mordo os lábios e
não desgrudo os olhos de você. Sorrio.
Você sorri de volta.
Sinto sede.
Mas já não quero te
beber.
Nessas horas você é
feito para as lambidas.
Contorno teu corpo com a boca, enquanto você se enrosca em minhas pernas.
Sinto fome.
Você também.
E a gente começa tudo outra vez....
segunda-feira, 8 de julho de 2013
você já me conhece...
Escrevo pela possibilidade de te tocar,
por imaginar que lê as minhas linhas e que, de uma plataforma qualquer, não tão
distante assim, tenta me decifrar.
E sou tão espiral. Crio esconderijos em
cada vírgula, em cada ponto. Torço então para que continue extraordinariamente obstinado em me entender. E para que
me perdoe.
Brinco com a possibilidade do amor
usando as metáforas mais tolas, só pra fingir uma grandeza que não tenho, só
pra disfarçar o medo que me sufoca.
Um medo que é ainda mais tolo que
minhas metáforas.
Escrevo pra dizer que o que falta em
mim, é você, e que o que falta em você sou eu. Mas, se arrisco um verso que não gosto,
hesito... e recolho a palavra. Apago tudo.
Você já me conhece.
Falo mesmo é com meus versos
mudos.
E, no meio desse silêncio todo,
você bem que podia vir me buscar...
quarta-feira, 3 de julho de 2013
virou passado...
Finalmente virou passado.
Agora sei que deixei partir a história
bonita que vivemos.
Era preciso, afinal, nunca entendi bem o seu coração.
Talvez tenha sido por causa de um
filme do Woody Allen, talvez porque eu tenha notado o quanto
essa historia era feita de gestos que estrangulavam o meu dia-a-dia, ou simplesmente porque minha vontade
de ser feliz tem ganho densidade e substância.
Deixar partir a nossa historia não foi perdê-la, foi só dimensioná-la devidamente. Foi. Pretérito. Perfeito.
Então, finalmente me despeço de você.
Agora o maior risco que corro é o de
ser feliz.
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