terça-feira, 29 de dezembro de 2009

O céu como moldura

É sempre assim.
Quando vejo que o ano está acabando começo a olhar para minhas mãos.
Olho-as como quem procura pelas histórias que ficaram escondidas entre os vincos e a pele.
Vejo que, aqui e ali, a vida que se incorporou a mim deixou suas marcas.
E faço um balanço.
Gosto de prestar contas a mim mesma.

Olho para minhas mãos mais uma vez, agora contra o céu.
É sempre assim.
Quando vejo minhas mãos de novo preciso do céu como moldura.
Como se assim eu tivesse certeza de dias melhores.
E torço então, para que minhas alegrias nunca se acanhem.

Obrigada Senhor... porque ainda sei acreditar.
E não dispenso nada.

Nenhum dos 365 dias que estão por vir.
Vou vivê-los até o talo.

Até a raiz.

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

O Natal pode ser diferente...

Às vezes queria que o Natal fosse um pouco diferente...

Que cada um de nós pudesse fazer uma pequena diferença.
Que estendêssemos um pouco mais as mãos.
Que tocássemos a vida de alguém.

Desejo então, que cada um de nós possa ser Papai Noel a favor de alguém...
De coração aberto e mãos estendidas.

Afinal, prá mim Natal é amor.
E, todas as vezes que amamos,
todas as vezes que nos damos, é Natal.

sábado, 19 de dezembro de 2009

eu não duvidava de nada...

Mal acabei de virar a esquina e lá estava ela.
Branquinha, sem o portão baixinho dos velhos tempos, mas com os mesmos tijolos aparentes.
As árvores estavam enormes, e o grande terraço na frente da casa já não parecia tão grande assim.

Fui a menina daquela casa.
Correndo de pés descalços, atrás dos sonhos que insistiam em multiplicar.
Conheço cada canto dali. Cada rocha, cada curva, cada mar.
Já foram meus castelos, fortalezas e esconderijos.

A casa, simples. A rua, de areia. E o mar ficava tão perto.
Naquele tempo o mundo acontecia em outra velocidade.
Meu pai era o homem mais forte do mundo. Minha Bisa fazia as melhores tortas de Natal. Ser adulto era ser alguém de outro planeta. E eu, eu não duvidava de nada.

Parada ali, percebi o tempo.
Parece que foi ontem.
Caminhei até a beira d’água, estendi os braços e senti o vento.
Cruzei os dedos, e torci para nunca perder aquela menina de mim.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Eu tinha uma carruagem...

Quando a gente nasce parece que sabe direitinho o que é a felicidade.
Depois acho que a gente vai desaprendendo.

Era tão mais fácil fazer amigos. E pouco importava o nome deles.
Ter um riso franco esparramado pelo rosto era a melhor maneira de começar bem um dia. E pouco importava se chovia.
Bastava um graveto para termos um cajado.
Um carrinho de mão para termos uma carruagem.
Tínhamos a persistência dos bons e a coragem dos batedores de pênalti.

Mas, de repente, a gente começa a se preocupar demais com o quê os outros vão achar.
E começam também a surgir os desertos de dentro, e a gente parece cansar mais rápido de quase tudo.
Logo estamos racionalizando afeto, aprendendo a timidez e gostando escondido.
Como se fossemos encolhendo a alma ao longo do viver.

E a gente aprende o medo.

Como esse que sinto agora.
Porque ainda quero declarar amores, deitar na grama, ver figuras nas nuvens e inventar histórias.
Ainda quero saber a felicidade.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

alegrias


Ontem fiz coisas tão simples...
.
Demorei no abraço antes de sair da cama, tomei banho cantando, comi pão com manteiga, andei a pé, dividi guarda-chuva, bebi suco de melancia, senti vento no rosto, ouvi gente boa falar, escrevi carta, acreditei em Papai Noel...
.
É...ontem sorri as alegrias de um ano inteiro.
.
Ontem me senti tão inteira.

hoje fiquei tão forte...

eu, deitada com meu pai

"Como fica forte uma pessoa

quando está segura de ser amada..."

Sigmund Freud

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Muito Obrigada ! (como meu Blog nasceu...)

Há um ano eu mal sabia o que era um Blog.
Mas tinha lido uma matéria na revista Seleções Reader’s Digest sobre uma publicitária muito especial, e lá estava a sugestão para quem quisesse conhecer um pouco mais daquela história : seu Blog.
Não acessei imediatamente, mas alguns meses depois lá estava eu.
Navegando pela primeira vez num Blog.

Dali até a criação do Eucaliptos na Janela, foi uma questão de minutos.
Era dia 26 de dezembro de 2008, um feriado para mim, que tinha emendado do Natal até o Ano Novo.
Estava cheia de palavras querendo sair...
E sempre gostei de escrever.
Crônicas.
Mas aqui aprendi a sintetizar, a colocar menos palavras e mais sentimentos.
Aliás, aprendi muito mais.

Aprendi que quando a gente está com o coração aberto os ganhos são inevitáveis.
Aprendi a respeitar e a admirar pessoas que sequer conheço “ao vivo”. Suas histórias e suas vidas.
Aprendi até a amar algumas delas.
Aprendi que de vez em quando um comentário, em algum texto meu, fazia raiar um enorme sol em meu dia.
Que o mundo virtual não é pálido ou fosco, como diziam.

É... conheci muita gente boa por aqui, me emocionei, aprendi, cresci.
E saí, desse 1° ano por aqui, absolutamente enriquecida.

Muito, muito, muito obrigada.
A cada um.
Porque, de diferentes maneiras, cada um de vocês modificou para melhor a minha vida.

Beijo na alma !

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O despontar

É impressionante como tem gente que nos remete a nós mesmos.
Que faz pensar o que estava guardado num canto, escondido na sombra dos pensamentos.
Tem gente que tem efeito colateral.
Que revolve, retorce, desalinha.
Sutil, mas desatinadamente.

E sei o quanto tenho andado por caminhos sulcados.
Minha noite se acostumou às mesmas palavras.
Mas se sou lançada ao ar por estes encontros, se sou colocada a prova,
e se todos os meus nós são postos à mesa (até os que eu nem sabia),
Então é porque é chegada a aurora.

Quando cruzo essa gente, curiosamente saio melhor.
E hoje estou assim : ampliada.
.
.
.
Aurora
Substantivo feminino
1. Claridade que aponta o início da manhã, antes do nascer do Sol, alvorada;
2. Começo, origem, princípio ou primeiro tempo de uma coisa;
3. O despontar da vida, as primeiras manifestações de qualquer coisa;

sábado, 5 de dezembro de 2009

Queria ser alcançada...

Cuido para que você não saiba o que me causa.
Acredito que assim talvez você não perceba a falta que me faz.
Não quero me tornar ainda mais vulnerável.
Mas tem dias que não passam, e me apertam o peito.

Porque tem amores que não passam.
E que por mais incrível que possa parecer, quero-te como antes.
Mas de tanto querer, entorpeço.
E enfraqueço em meu silêncio.

Coleciono perguntas que nunca faço (sim, porque são tantas as minhas dúvidas).
Receio que talvez não aguente tuas respostas.

Mas, se quando penso em tua voz mordo os lábios de desejo,
Imagine o quanto quero ser alcançada.
Meu amor por você é todo maiúsculo,
E queria tanto que não me escapasse nada...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

um pouco de mim...

não posso viver sem música
não posso viver sem minha filha
não posso viver sem as unhas feitas
não posso viver sem o "google"
não posso viver sem banho quente
não posso viver sem risadas
não posso viver sem minha cama (enorme)
não posso viver sem minha família
não posso viver sem uma garrafinha de água no carro
não posso viver sem uma prosa e um café
não posso viver sem minha máquina fotográfica
não posso viver sem um colorido nos olhos
não posso viver sem liberdade

dispenso baladas
dispenso pimentão
dispenso batom
dispenso pessimismo
dispenso médicos e remédios
dispenso moda
dispenso gente preconceituosa
dispenso bolsa pequena
dispenso bebidinhas alcoólicas
dispenso gente que gosta de sobrenomes
dispenso arrogância
dispenso comida mexicana
dispenso gente que não gosta de gente

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Saber Viver

“Pouco passado dos trinta, era um senhor de cinquenta...”
.
Engraçado como, definitivamente, não existe uma coisa independente da outra.
Corpo e mente.

O tempo passa.
Sim.
Mas é o que fazemos com ele que nos dita a vida.
É a quantidade de alegria que nos permitimos ter que nos faz ter trinta ou cinquenta anos.
É a maneira de ver, de sentir, de sonhar, de desejar...

Lendo “O Albatroz Azul”, último (e excelente) livro de João Ubaldo Ribeiro, pude aprender um pouco mais sobre essa sabedoria :
corpo e mente, vida e morte, juventude e velhice...
A vida nos é, sem que possamos planejar grandes feitos... temos o hoje, o aqui e o agora !
Façamos então valer !

domingo, 29 de novembro de 2009

nudez púrpura...

No meu corpo nudez é muito mais sentimento do que fato.
E nasce no silêncio que permeia nossos pensamentos.
De dentro para fora, feito flor do cerrado que tinge de púrpura toda aridez ao redor. E dura até esgotarmos todo o desejo.

Nos sobra então o amor e a vontade de querer de novo.Sempre, e mais uma vez...

Porque só te sou nua se me percorre cada palmo,
se esquece teus olhos em cima das minhas cores,
se me faz despovoada, sépia, pra mais tarde poder me preencher.

No meu corpo nudez é muito mais.
E já estive nua sem tirar uma peça de roupa sequer...

Solange Maia

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Dessas mulheres prá comer com dez talheres...

Sou dessas mulheres sinuosas, de colo curvilíneo e sorriso enluarado.
Em mim perdem-se e acham-se os sonhos.
De medidas extremas. Tanto no outono quanto na primavera.
Gosto de gostar.
Gosto do prazer, sou tátil, feminina.

Sim, admiro a beleza longilínea e vertical, mas herdei a horizontalidade esteatopígea.
Não caibo em padrões.
Respiro livre, sem a rigidez imposta por aí.
Invisto meu tempo em outros prazeres : dedico-me a ser feliz.

Porque para o amor há sempre uma pessoa de medidas certas.
E, se meus seios cabem em suas mãos,
então sou (só) para você.

É por isso que, como cantou Ana Carolina, prefiro ser destas mulheres prá comer com dez talheres.

.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

amor encabulado

Todo mundo já teve um amor não declarado
Desses de flerte delicado
e desejo açucarado.

Mas o meu anda tão desencontrado
Que talvez tivesse sido melhor tê-lo domado
Prá que o meu coração não vivesse apertado
Querendo estar pleno desse amor tão esperado.

E às vezes acho que esse amor encabulado
É só um jeito inconfessado
De pedir teu carinho emprestado
E mais um bocado de sonhos prá viver...

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Fome de Gente

Tenho tido sede de tantas coisas que ando até me atropelando.
Tantos quereres que todos os dias antes mesmo de acordar já começo a viver.
Tenho andado faminta de gente.
Todos os sorrisos me parecem estradas.
Apatia e indiferença já não me cabem mais.

Ganhar e perder são só o caminho.
Estremeço, desando, retrocedo, desato, e me sinto cada dia mais viva.
Sim, são muitas as minhas dúvidas,
Mas ando indo atrás de algumas respostas.

domingo, 15 de novembro de 2009

Desenhos...

Tenho desenhado um esboço do porvir,
de atmosfera perfeita, e de uma liberdade merecida.
Tenho aguardado o momento prá suavizar esses esforços que tenho feito (constantemente) para me encaixar,

Que de tão fechada em meu mundo,
Tenho mantido herméticos, também, até parte dos meus sonhos.

Mas é um desenho de alicerces frágeis,
Porque nem sei mais se alguma vez será o mesmo.
Nem se eu serei capaz de olhar-te como antes.

Enquanto isso, aqui, observo a mim e aos outros.
As felicidades, os caminhos, as reviravoltas.
E, não posso negar, esse pensamento acorda em mim uma urgência :
É a mim que aguardo.

É a mim...

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A MENINA LIMPA

A infância dela foi quase toda naquele quintal.
Seus sonhos eram tão impecavelmente brancos quanto a fileira de roupas estendidas no varal.
Não lhe faltavam provisões.
Sapatos de verniz e vestido de pano caiado, sempre.
Tudo tão limpo...
Mas faltava alguma coisa.

Cheirava a sabão de côco e talco.
De tão alva pele quase não se via o contorno da boca, então nunca se soube se a menina sorria.
De tão branca, e como se para mantê-la assim, nunca lhe deram um abraço.
Cresceu tão limpinha.

Mas um dia acordou com uma enorme begônia brotando secretamente em seus pensamentos,
E antes mesmo de virar mulher já andava de pés descalços, olhar esguio e corpo suado.
Faltou-lhe tanta vida, que a quem quisesse ela se dava.
E assim respirava.
Um ar sujo, mas seu.

domingo, 8 de novembro de 2009

o mundo, como pode ser...

Amyr Klink tem uma casa há um quarteirão do meu escritório, em São Paulo. Vez ou outra vejo-o por ali. Sereno, alto, comum, como, aliás, não deixaria de ser.
Mas, toda vez que o vejo imagino a quantidade de vida que este homem deve ter. Imagino a bagagem interna que ele trás, a herança que suas meninas vão receber...
As histórias, os silêncios, as imagens, tudo nele acresce, tudo ensina.
E, tem uma citação, em especial, que não posso deixar de dividir :

"Hoje entendo bem meu pai.

Um homem precisa viajar.
Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou tv.
Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu.
Para um dia plantar as suas próprias árvores e dar-lhes valor.
Conhecer o frio para desfrutar do calor. E o oposto.
Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto.
Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver".

É... em minhas orações peço sempre que se conserve em mim, essa sede por aprender... e que cada vez mais eu perceba o mundo como é... ou como pode ser...

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

ESCASSEZ

Escrevo por todos que investiram muita vida para esquecer velhos amores.
Pelos que fizeram escolhas erradas, e para os quais o tempo passou, cruel e implacável, varrendo do rosto alguns sorrisos e da alma tantos sonhos.
Por quem já esteve em lugares de vazios tão densos, que os confundiram com o alto inverno.
Escrevo por cada coração entregue a quem nem bem valia um olhar.
Pelos que já acreditaram em palavras voláteis, e tornaram-se, portanto, vulneráveis diante dos amores de mão única.
Para os que já foram surpreendidos por gestos curtos e palavras ríspidas, e só o que queriam era serem ouvidos.

Por todos os emocionalmente desabitados.
Porque no desamparo o ser humano sabe-se só.
E há a perigosa convicção do abandono, que por mais sutil que seja, míngua a vida da gente.

Escrevo porque dentro de mim tenho memórias de cada uma dessas dores, e porque dia desses ouvi que TRISTE é qualquer coisa viva, que (em algum momento) não sente como tal.

Escrevo então pra tentar fazer diferente, pra propor dias melhores, pra abolir esse abandono, aceitar novos caminhos...

Escrevo para urgentemente lhe estender as mãos...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Do que dura até hoje...

Quando acordo com um sol desses que inundam a janela e a vida,
Me dá uma saudades de ontem, daqueles dias que passavam leves
Quando os sonhos se acumulavam, querendo tanto virar verdade,
e a vida da gente era feita de sorrisos francos e de passadas largas.
E se assanhavam as tardes, prometendo um amanhã tão lindo
que ficaram em mim alegriazinhas emprestadas que duram até hoje...

domingo, 1 de novembro de 2009

Verde

Sempre quis um verde que me coubesse.
Menta, maçã, esmeralda, broto, lima, hortelã, oliva...
Sonhei com essa fusão, com esse encontro.
E com uma comunhão que ficasse ali, aconchegada no peito, sem tantos rebuscamentos.
Algo entre a calma e a euforia.

Um verde prá gente pintar o mundo com a cor dos eucaliptos que descobri naquelas janelas de ontem (quando saia prá respirar um pouco de vida), e trazer de volta alguma alegria esquecida.

Um verde prá ser o conforto que a gente precisa, que refaça os sonhos, que confesse a festa que se faz quando te sinto, e que germine como grão que quer crescer.
Por que todo verde merece um dia acordar flor...




E por que depois de tanto verde vem o dia de amadurecer.

E de acordar... agora como (um esperado) café...

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

amor ao contrário

Nosso amor é interessante porque é revés, é avesso.
É a gente, que a gente não pode ser.
É a gente, que a gente não pode ter.
É o talvez mais sedutor.
A promessa mais vã.

Você o quis agora, com a urgência das decisões cartesianas.
O sim, ou o não.
A pele. A química. O desejo. A paixão.
Você e seus sentimentos disciplinados, suas palavras sinceras, embora nem sempre doces.
Você com seu temporal.
E sempre certa desconfiança da felicidade. Uma melancolia perene. Uma alegria sistemática.
Romântico na medida certa e tantas vezes de bons silêncios.

Eu o quero pelo caminho mais longo, o mais teimoso, o mais arriscado.
O talvez.
A alma. A geografia. O encontro. O amor.
Eu, e meus impulsos indisciplinados, minhas entrelinhas, meu mel.
Eu com meu bom tempo.
E um otimismo incansável. Um orgulho besta. Uma felicidade desencontrada.
Romântica de medidas incertas e tantas vezes de eloqüência retórica.

Nosso amor é interessante porque é assim, ao contrário.
E é a gente, que a gente tanto tenta disfarçar.

domingo, 25 de outubro de 2009

Em que planeta eu me encontro ?

Desde adolescente me desencaixo prazerosamente na vida.
Não me moldo nem aqui, nem lá.
Vivo perdendo o passo, não sou comum.

Gosto além da conta.
Silêncio, finais de tarde e amores para sempre, me comovem.
Sonho como criança, hiperdimensionadamente.
Com um mundo melhor, com cadeiras nas calçadas e com gente sendo feliz.

Preciso da verdade, independendo do quanto doa.
Olhos, só se forem sinceros.
Pés, descalços.
Abraços, fico com os que acolhem, aquecem e fazem faltar o ar.
Perco horas observando o mundo,
E coisas já não me interessam mais...


.
Ontem à tarde, por alguns instantes, na Mostra “O Pequeno Príncipe na Oca”, deitada com minha filha no asteróide B-612, achei que tinha encontrado meu planeta...

sábado, 24 de outubro de 2009

Exatamente como na gente...

Surpreendente a mistura do quente e do frio da vida...

Às vezes o que parece improvável
Complementa-se com espantosa harmonia.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Vertendo no ar...

(Vertendo no ar lá de casa... foto tirada hoje - 22.10.2009)

Sempre gostei de móbiles.
Ou de quaisquer coisas que partam, decididas.
Gosto dos elementos suspensos no ar.
Do quase vôo.

Adoro suas sombras.
E suas luzes.
Me dão sempre a impressão de uma liberdade corajosa.
Lembram-me dos ventos, das danças leves, das partidas.
Uma verticalidade delicada, um quase lá, um risco assumido.
E oscilam ao vento, pendentes, como lágrimas.

Frágeis, a quem olha com descuido.
Mas daqueles fios só vejo verter ousadia.
E amor.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O amor nos põe pertinho...

Um dia já estive do outro lado do mundo.
E de lá, pude ver uma estrela brilhando bem forte no céu.
Há 11.000 milhas tinha alguém fazendo a mesma coisa, ao mesmo tempo.
Comungando aquele céu, nos sentimos tão perto um do outro.
Tive certeza então, do que até aquele momento era só uma frase bonita :
Para o amor não existe distância.

sábado, 17 de outubro de 2009

Derrete a neve que prende o seu pezinho...

Sim, a vida é bela, mas de vez em quando nos põe latejando suas dores.
Depois de algumas faltas e desenganos, corremos o risco de nos deixar congelar.
.
Não inteiramente, é certo, mas onde doeram os amigos desleais, congela-se a possibilidade dos novos.
Se o que doeu foram sonhos desmoronados, reduzem-se as expectativas a quase nada.
Mas quando as dores vêm dos amores avessos, aí então, não dá mais para acreditar.
.
E as almas, desnutridas, já nem lamentam.
No bolso, onde havia esperança, só restaram duas pedras, um endurecimento precoce, e muitas mágoas.
Mas seguem. Donos de uma euforia quase tola. E glaciais.
Duvidando agora, de quase tudo.

Por isso ontem, numa conversa com alguém muito especial, que anda um tanto descrente, não pude evitar A Formiguinha e a Neve, uma fábula da infância com uma grande lição :
- Por favor... derrete a neve que prende o seu pezinho...

Por que acho que no amor SEMPRE vale mais uma chance.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Entre lençóis...

Naquele momento, no mar de lençóis que se fazia posto, a única coisa que queria era a promessa de que seus olhos não fossem mentiras...

Naquela cama cabíamos inteiros.
Teu corpo pousava sem urgência por respostas.
Por que ali éramos abrigo, e eu só queria levar comigo aqueles bons silêncios.
.
Nossas peles suscitavam desejo e aqueles tempos nos bastavam.
Alternávamos entre segredos e sossegos.
Beijos quentes enchiam o ar, e depois restava apenas, sempre, uma paz pungente.
Havíamos nós. Mais até do que fosse possível.

E, não...
Não ponha os pés no chão.
Assim que nossos pés tocarem o chão
nossos cérebros voltam a funcionar.
Corremos então, o risco de sermos engolidos
por toda a realidade nele implícita.
Não quero nossos pés no chão.
Hoje não.

domingo, 11 de outubro de 2009

Levados pelo ar...

A boa música cria sempre uma atmosfera intimista ao seu redor.
Não que já não tivéssemos certa intimidade, afinal, ele entrara em nossas vidas e já ganhara um bocado do nosso amor e respeito.
Mas aquela noite era especial.
E, da sala ocre reluziam apenas o suporte da partitura, um homem, e seu trompete.

Silêncio e uma primeira nota no ar.
Era um som preciso e limpo. E o ar tomado por um azul mágico.
O trompete fazia parte dele, era a extensão do sopro, a continuidade perfeita de sua boca, como o delicado bico de um beija-flor.
Podíamos ser levados pelo ar...
Havia súplica e ânsia em seu olhar. Era a busca pelo momento perfeito.

Ensinou nossos ouvidos surdos um pouco mais sobre um trompete.
Aprendeu sobre o diálogo que se faz possível através da música.
E não foi preciso uma palavra sequer.


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Obrigada Paulo Genz...
Sua música encheu minha casa de amor.

Vale uma visita no blog dele “
Jazz Noise” !

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A gente quer mesmo é a verdade.

Mais que um milagre o que a gente quer mesmo é a verdade.
Seja ela como for.
Mas que só venha se vier com todos os sentimentos nela implícitos.
Que traga o tremor de mãos dos amantes que se desejam, o medo de que não perpetue, a ansiedade que precede as escolhas, a coragem que garante o risco, e a doçura que nos põe tão frágeis.

Por que todos nós já estivemos diante de uma história improvável.
Por que às vezes a vida da gente parece mesmo cinema.
E, se eu pudesse escolher, queria logo um desses romances encantadores, surreais, e delicados.
Um Love Affair só para mim.

Afinal, às vezes, quando o tempo e a distância já deveriam ter consumido tudo, a gente descobre algo que ainda pulsa, e então, resolve que merece mais um café.
Mesmo que seja para daqui há um ano...


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Obs.1: O filme Love Affair (Segredos do Coração), de 1994, é um remake de An Affair To Remember (Tarde Demais Para Esquecer), de 1957, que já era uma refilmagem de Love Affair (Duas Vidas), de 1939.
Obs.2: Vale ouvir "Piano solo", de Ennio Morricone, música tema de Love Affair.



domingo, 4 de outubro de 2009

Desse querer...

É desse amor expandido e grandioso que falo hoje.
E dos corpos que comungam, esgotando esses amores, até a última gota.
Desse querer inteiro, que nos tira do meio de uma multidão para transformar-nos em únicos.
Do que nunca é pela metade.
Do que precisa do outro, e que é demasiadamente grande, e por isso nos põe vulneráveis.
Mas que é feito dessa vulnerabilidade boa, que de tão humana nos arrepia a pele.
E pode até durar apenas alguns instantes, mas é para sempre lembrado.
Porque amores ampliados no outro são, de alguma forma, para sempre.
E fazem a gente querer que não nos escape nada.
Por que de vez em quando a gente quer mesmo é amar de “A” a “Z”.
.
Arrepiar
Beijar
Cadência
Desejos
Euforia
Fusão
Gemido
Homem
Incendiar
Juntar
Lamber
Mulher
Nudez
Olhar
Pele
Querer
Roçar
Sugar
Tocar
Unir
Vibrar
Xodó
Zelar

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Hoje tem uma ILHA aqui dentro...

Gosto de Oswaldo Montenegro desde meninota...
Logo de cara rabiscava a agenda com pedaços das suas canções.
Depois ele passou a expressar minha imensa vontade de andar na contramão e de ser diferente.
E aquele tanto de irreverência que ele trazia na voz, me fazia ter uma bandeira para carregar.
Então conheci seus Menestréis, e de tão multifacetados, cantaram e encantaram. Com luzes, fogo, música, teatro, palco, som, fumaça, corpos, sombra, flautas, e Madalena.
Se fossem nômades viajantes, numa velha carroça indo pelo mundo, e eu pudesse, na minha meninice teria partido com eles.
Daí a faculdade e as férias. E dancei Bandolins na praia.
O amor, o luar e o mar. Estava lá quando ele cantou Chico Buarque. E O que será... ficou a flor da pele.
Mais tarde, ainda encontrei pessoas incríveis que também gostavam dele.

Ainda hoje, nos dias em que meu coração pede um pouco de silêncio... e quando me faltam as palavras... são dele as que traduzem o que vai dentro de mim...

"Ilha não é só um pedaço de terra cercado d'água por tudo que é lado.
Ilha é qualquer coisa que se desprendeu de qualquer continente.
Por exemplo: um garoto tímido abandonado pelos amigos no recreio, é uma ilha.
Um velho que esperou a visita dos netos no Natal e não apareceu ninguém, é uma ilha.
Até um cara assoviando leve, bem humorado, numa rua cheia de trânsito e stress, é uma ilha.
Tudo na gente que não morreu, cercado por tudo o que mataram, é uma ilha.
Até a lágrima é ilha, deslizando no oceano da cara.
"

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Incompletude

Um barco a vela, a deriva, merece um porto.
Uma mulher enluarada, a mercê de um afago, merece colo.
Um homem só, sem direção, merece um encontro.
Uma mão em concha, em vigília, merece uma oração.
Folhas secas, que já não servem ao outono, merecem vento.
Lençóis de linho, quase ninho, merecem amantes.

Por que esse desamparo das coisas soltas, essa incompletude, essa urgência dos pares, estão todos em mim.
Como uma angústia leve e cíclica... que não me abatem, mas que me fazem querer ver esses amores todos conjugados.

Por que deveria ser proibida essa imensa falta que você me faz...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Acumulo...

É assim que te espero...
Nua.
E com meu ventre côncavo, enquanto prendo o ar,
num instante único, fugaz, entre um respirar e outro,
como se assim pudesse perpetuar o arrepio que me percorre,
e estender a duração daquele instante de amor.

É assim que te quero...
Ao revés.
Com essa alma que não amansa nunca,
de gestos rápidos e carinhos avessos.
Por que gosto da suas mãos ásperas, das palavras curtas,
e da intempestividade dos seus toques quando em mim.

É assim que te amo...
Entregue.
Com o coração dilatado, cabendo ainda um pouco mais.
Por que com você, aprendi a acumular amor.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Deserto

E madrugada adentro parece que as pessoas
não querem mesmo suas casas.
Querem qualquer coisa menos o deserto da solidão.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Vazio

Nossos beijos eram todos alicerçados numa história passageira.
De felicidades rápidas e euforias impermanentes.
E para que não me escapasse nada,
Nenhuma linha ou traço,
Nenhum nó ou viés,
Anotei cada gesto em bilhetes.

E simulei uma intimidade que nem existia.
Ninguém fingiu melhor que eu.
Enquanto você tentava me caber, eu tentava te amar.

E a gente, que até tinha uma história charmosa,
dessas feitas de acasos, encontros e paixões,
não sabia fazer durar mais do que um instante.
Porque é preciso muito esforço pra manter esse tipo de alegria.

É preciso saber dar um riso oco.
E acho que não sei sorrir assim.

sábado, 19 de setembro de 2009

Poesia para os olhos...

Fotografias que tirei em julho, agosto e setembro de 2009

É certo que existe fumaça demais, medo demais, mentira demais.
A intolerância cada vez fechando mais portas e mais janelas.
Há desleais fingindo sorrisos, e a aparência sendo servida como prato principal.

Mas há meus olhos, que insistem em ver as garrafas nas janelas, os besouros de luz, os cogumelos ocres, a folha-flor, os verdes, o sol...
E enquanto estiverem ali, do outro lado das lentes da minha máquina, no meio do caminho (do meu e do seu), haverá poesia.
A que a gente escreve, e a que a gente vê.

Porque, desculpe, mas insisto em ver como a vida é bela !

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Um dia a gente descobre que gosta...

De vez em quando o silêncio, o olhar sem graça, um ciúme atroz.
O lugar não ido, o sorriso engolido, um abraço contido.
Toda essa vida roubada só para caber nos moldes de alguém.
Para fazer bonito, para acalmar a fragilidade do outro.

Como se pudéssemos abrir mão da gente mesmo.
Como se assim fossemos merecedores de um afago qualquer,
Que nos alimenta sem nunca saciar,
Que se tem ao lado sem nunca preencher.

Até que um dia se acorda precisando assobiar.
E dá uma vontade louca de atravessar a rua.
A gente quer sair por aí distribuindo sorrisos, fazendo amigos.
E some o medo de perder.

E é exatamente quando a gente arrisca a ser livre.

E descobre que gosta.

domingo, 13 de setembro de 2009

ai, ai, ai, ai, ai....

Engraçado...
As vezes o dia amanhece lindo, mas lá dentro do peito tem uma nuvenzinha fosca, enroscada no coração, fazendo a gente lembrar que dói assim... um amor que vem, outro amor que vai...
ai, ai, ai, ai, ai...

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quinta-feira, 10 de setembro de 2009

CONTEMPORÂNEA

Dentro de mim há uma mulher que distribuiria panfletos em praças públicas, e uma que teima em querer fazer bolo de fubá e enfeitar a casa.

Esse acúmulo de desejos, antagônicos às vezes, me tem feito refletir...
Há sempre uma hesitação na trajetória das mulheres.
Queremos sim arregaçar as mangas e construir um novo mundo, mas há também a delicadeza, a feminilidade, e a intuição, que não devem submergir sob terninhos pretos, contratos, e corpos cansados.

Ser mulher é ser plural.
É ter sempre um grito abafado no peito.
Mas, sobretudo, é ter uma enorme vontade de afagar... e de acolher...

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Casa Habitada

Ter um livro nas mãos é como tocar em alguém.
É íntimo, é revelador, é criar um laço forte.
Mas alguns são ainda mais especiais.
Especiais pelo caminho que os fizeram chegar às nossas mãos.

Seguro “A Casa das Fadas” como quem segura um tesouro.
Gosto do cheiro, da ansiedade antes de começar a folhear, das cores, da dedicatória.
Mas gosto mesmo é de casa habitada, sobretudo por fadas.

Um livro que fala de vulnerabilidade, de adoção, de abrigos, de família e de crianças.
Tudo isso faz parte da minha vida.
Ler então, foi conhecer um outro lado da mesma moeda.
.
(e com direito a um adicional... esta foi a primeira vez que um amigo blogueiro, sai do virtual, em forma de livro, e coagula-se em minhas mãos).

Assim como o Dudu, personagem central do livro, aprendi a guardar coisas em meu coração.
Hoje cedo coloquei o livro lá.

sábado, 5 de setembro de 2009

SAINDO FORA...

Ele só passou pelos meus olhos.
Como quem quisesse se esquivar.
Trouxe um discurso pronto.
E de tão bonito, quase vazio.

Segurou minhas mãos, e tremia levemente.
Tão previsível, e quase sem fé.
Escolheu as palavras, mas não lhe cabiam na alma
Eram ditas quase apressadas,
para que fitar-me durasse somente um instante.
E para que sustentasse a decisão.

Tudo bem...
Já sei ser tão diferente
E consigo achar bonito até mesmo esse amor que se acabou.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sonhos na Contramão

Gosto dos que sonham.
Otimismo e largos sorrisos sempre acabam me convencendo.
Porque sonhar é bom.
Turbina a alma e estimula a vida.

Mas viver só de sonho é armadilha perigosa.
E como há.
Esquivam-se da realidade andando em areias movediças.
Sustentam belezas temporárias.
E se alimentam de tudo que poderia ser...
Mas que não é.

E, se acordamos frágeis, corremos o risco de andar na contramão desse velho trilho.
Com sonhos estéreis,
Que sem poderem ser reais,
Só nos fazem furtar o amanhã.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E não teve festa...

Hoje meu coração devia estar em festa.
Devia ter laços e flores por toda a casa.
E a Calcanhoto tocando alto na sala.
Amanhã cedo ia começar hoje a noite, e o sol ia nascer na pele da gente. Quente.

Mas não houve festa, nem flores, nem sol.
Só um resto de inverno e um verso :
“o que você demora
.é o que o tempo leva”

Por que como na canção, eu só tinha meia hora pra mudar a sua vida.
Mas eu precisava mais...

sábado, 29 de agosto de 2009

Era isso que eu queria dizer...

As melhores coisas da vida, não são "coisas".
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Engraçado quando chega o tempo em que muitas coisas que nossos pais diziam começam a fazer sentido.

Já deu tempo de ter feito belas viagens, de ter visitado restaurantes incríveis, de ter um carro bem bacana, de usar isto ou aquilo.
Já deu tempo de querer ficar sozinha num cantinho, de ter perdido algumas coisas, de ter sentido dor e solidão, de ter um ou outro sonho roubado.

A maturidade vem trazendo essa desassociação entre as coisas e as alegrias.

Por que ficar quarentona me fez perceber que um longo abraço em silêncio é tesouro que se deve preservar, que pai e mãe são ouro de mina (como já cantou Djavan), que beijo sincero tem valor intangível, que cheiro de filho é a melhor coisa para se fazer dormir, que amigo de infância é comidinha prá alma, que conseguir olhar nos olhos é garantia de auto-respeito, que almoço em família é ter o celeiro cheio, que fazer o que se gosta é manancial inesgotável.

É, a gente comete alguns erros, mas uma hora acaba percebendo que as melhores coisas da vida, não são "coisas".

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Profundo Encantamento

Poucas coisas me fascinam tanto como o ser humano.
Há oceanos incríveis, o pôr-do-sol, gérberas, o céu turquesa, um cavalo baio... mas ainda assim fico com as pessoas.
Gosto de observá-las, de senti-las, de percebê-las.

É certo que nem sempre o que vejo me encanta, mas vez ou outra o que presencio vale por tudo que não vi.
Isto acaba de acontecer.
Que sorte a minha e a de quem viu...

Não encontrei essa “delícia” no You Tube, então segue o “link”.
Cliquem em cima e curtam este presente da vida.
Estou em estado de graça...

Nessas horas me dá um orgulho incrível de ser gente !!!


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Eles chamam-se Edson Pereira e José Scholosse - Dupla Tempo

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Carinho Particular

Lembro quando era menina e a gente trocava bilhetinhos na escola.
Além das frases bonitas desenhávamos coraçõezinhos, estrelas e flores.
Depois foram as agendas, e as anotações nos rodapés.
Na faculdade escrevia sobre o meu amor em folhas arrancadas do caderno...

Aquelas palavras não eram diferentes das de agora.
Eram os mesmos sentimentos coagulados que escorriam de mim.
Mas eram escritas, não digitadas.
E o virtual pressupõe sempre certa palidez.
Cada letra e cada curva tinham minha identidade, minhas reticências, meu cheiro.
Em cada folha a força da empunhadura, as inclinações e os espaços revelavam as entrelinhas e os segredos.

Tinha mais de mim lá.
Como um encanto que só fosse meu.

Como um carinho particular.