Quero laços com pessoas que me fazem bem, que saibam de ternuras, que entendam de perdão. Porque se a vida é mesmo esse instante, que a gente faça uma eternidade de delicadezas lhe caber. Sou eu que escolho o meu caminho. Deixo minha dor partir. E repito baixinho que quero um poema novo. Quero não, preciso.
Juliêta sabe das coisas. Há uma Solange que poucos conhecem. Uma Solange que paradoxalmente dispensa as palavras. Que cala. Respira impenetrável. Pétrea. E assim aprende em silêncio. E começa saber a segurar a onda quando as coisas ficam duras demais, embora ainda fique meio assustada com a falta de “alma” que há em tanta gente, mas é uma Solange que, no fim, dá conta do recado.
É... tenho andado tão calada. Eu, minha metade “prá dentro” e meus mil sentimentos. Não quero mais cometer os mesmos erros. E faço questão de ser feliz. Faço sim. Só uma coisa eu não faço: não disfarço meu bem querer. Quando amo, amo inteira. Para fazer valer.
Gosto de quem ainda tem essa boa fé, de quem se dispõe a amar, de quem tem este bem estar interno.
Porque gostar é ter essa falta de egoísmo, essa coragem de se entregar, de oferecer, de querer o bem. Gostar é cantar, é declarar, é revelar... é ter um fogo no peito e uma brisa na cabeça...
E de pensar que eu quase já nem lembrava dessa alegria...
É que de vez em quando a gente precisa de uma música dessas ao pé do ouvido, a gente precisa de um abraço de alguém que nos diga que vamos encontrar uma maneira de sorrirmos juntos.
Enchi a mala com os maiores sonhos, alguma roupa, mas pouca, porque nem sou mais a mesma, uma ou outra lembrança querida, e mil, mil possibilidades. Só uma certeza: a de segurar firmemente a mãozinha ao meu lado. Olhei a rua antes de atravessar, e fomos. Nem sei para onde, mas IR é um sabor que eu quero mais.
E sigo indo, embora quase ninguém perceba. Sem pressa... sem pressa nenhuma. Porque agora quero tudo, cada minuto do dia, cada janela aberta, cada olhar demorado. Quero tudo que tiver para enfeitar nosso caminho.
Falar de amor sem cair na mesmice, sem parecer água com açúcar demais, e ainda perceber o que permeia cada gesto, cada escolha... tudo isso não é tão simples como pode parecer. Mas há quem faça isso com talento, e o digo por que nessa semana lembrei-me do filme ANTES DO AMANHECER (Before Sunrise). E assisti-lo sempre me toca profundamente.
Por quê ? Porque o AMOR me toca. Porque o ACASO me toca. Porque de vez em quando a gente tem essa sorte na vida. Sorte de viver uma história onde o tempo não importa, e onde tudo parece convergir. Porque às vezes, um pequeno instante justifica toda uma existência. Porque é assim que o amor deve ser : simples e eficiente.
E o melhor de tudo ? É que 9 anos depois, Richard Linklater resolveu continuar o filme, gravando então ANTES DO PÔR DO SOL (Before Sunset), dando assim o enfoque mais maduro da mesma relação. Mais uma vez fui tocada profundamente.
Por quê ? Porque o AMOR me toca, mesmo quando um pouco mais amargo, ou mais maduro. Porque a ESPERANÇA me toca. Porque de vez em quando, mesmo que a gente tente negar, ainda somos cheios de esperança, a mesma esperança que achávamos ter esquecido no frescor e na impulsividade desajeitada da nossa juventude.
Pensando bem, falar do amor é sempre esvaziar desnecessariamente a preciosidade do instante. O amor é mesmo para SENTIR. E ponto final. ANTES DO AMANHECER (Before Sunrise) - 1995 (EUA) direção: Richard Linklater
ANTES DO PÔR DO SOL (Before Sunset) - 2004 (EUA) direção: Richard Linklater
Nos idos dos anos 70 morei numa cidadezinha rural, de ruas tortas, de terra batida e casinhas de madeira com seus enormes quintais. Eu tinha pouco mais de cinco anos, e é uma das minhas lembranças mais antigas.
Lembro do piano da escola, dos enormes besouros, do poço no fundo de casa, da Igrejinha, do capeletti in brodo, do frio pungente e dos eucaliptos gigantes.
Com eles papai fazia celulose. E eu fazia poesia. Sem nem saber.
É que ficava flutuando o olhar sobre aquelas toras de madeira castanha por horas sem fim. Desta maneira tocava com os olhos o que para mim era a felicidade : um tanto de verde, de vento, e o perfume que dava significado ao ar.
Hoje, a despeito de ser (estar) urbana e cosmopolita, vejo eucaliptos daqui da janela de casa, de onde escrevo. E, de alguma forma, estão sempre em meus caminhos. Cuido para que não sejam só memórias... Ontem, quando comecei a escrever o blog, eram uma pergunta. Hoje são só deslumbramento...
das coisas que adoro...
Adoro gente sincera e inteligente, letras de música, libélulas e joaninhas. Amo minha filha, meus pais, família. Adoro a noite, o céu e o vento, filhotes de bicho, escrever, ler, falar de amor, gérberas, beijo na boca, inverno, edredon, risadas fora de hora, chá de erva doce, damasco, luzinhas de Natal o ano inteiro, manteiga sem sal, lilás, fadas, cheiro de chuva, meu quarto, dormir, bilhetinhos, Natal e aniversário. Adoro Chico, Clarice, Carpinejar, telefonemas inesperados, ser mulher, e mais um tanto de coisas... não necessariamente nessa mesma ordem...
Não tolero a falsidade velada que há por aí, e prefiro loucura à insipidez comportamental. Sou intuitiva e generosa, e só sei beijar com o corpo todo...
Mas em mim, o que gosto mesmo é que sei amar só por amar, desinteressadamente.
Tudo aqui é verdade. Pelo menos é a minha verdade.
É minha maneira ritmada de perceber a vida.
Quero ver “através”, quero desconstruir o óbvio,
Quero celebrar a vida.
E depois... depois quero sentir os eucaliptos.?xml:namespace>
"Caminho meio gente, meio fada. Pé no além, outro na estrada."
Tenho um coração que aperta, e a única maneira de fazê-lo sossegar é permitir que as palavras lhe escorram... deixando-o assim, um pouco mais afrouxado...
Se quiser conhecer outro lado do Eucaliptos Na Janela, clique em cima da fotografia, e entre no Blog que fiz para minha pequena (numa despretensiosa tentativa de eternizar os doces momentos que vivemos juntas). É Bebela em Conta-Gotas...
E,como o “para sempre” se assusta fácil, tenho fotografado para nada perder...
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