terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ensaio Sobre o Amor

Dos meus olhos escorregam lágrimas gordas, choro, mas sem arfar.
O pulmão é calmo, a cabeça também. É o peito que dói.
Dói esse doer tão lindo, esse querer, esse nó, esse embrolho...

Achei que sabia das coisas...
Achei que era tão vivida, que minha vida era tão cheia de histórias...
Mas, e agora ?
E agora que eu descobri que nada sei ?

Paro um instante. Quero rearranjar os pensamentos.
Você está lá, e então não organizo nada. pelo contrário, tudo sai do lugar.
E é tão lindo.
Lindo porque nem ligo para as probabilidades, porque ignoro o oceano, rio do tempo...
Lindo porque já nem sei como eu era antes.
Porque não sei explicar. Nem controlar.

O amor é esse medo.
Essa delícia.
Uma agonia febril, um rio perene, um paradoxo.
E agora acordo desafiando o impossível.

E fico tão vulnerável, como se me despisse no frio...
Sim, tem a beleza do sentir, mas tem também a pele que queima, que sangra, que dói.
Já não me protejo mais.
Não dá. Não sei.

E nem ligo.
Não ligo para mais nada.
É como disse lindamente Miguel E.C., e como fez música Chico Buarque : "é como estar doente de uma folia..."

Afinal, o amor é uma coisa, a vida é outra.

E te amo.
E é tão maior do que eu...
.
(ensaio modestamente escrito depois da leitura do texto “Amor” de Miguel Esteves Cardoso, no Jornal Expresso - Portugal)

Um comentário:

  1. Belissimo texto ...e muito sensivel varios sentimentos que ando Lendo por aqui...sobre o feminino e o masculino!

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