domingo, 27 de janeiro de 2013

não te conto de mim, por delicadeza.

(Solange Maia - 40 anos atrás)


Olho para essa menininha que já fui, e sorrio.
Aposto como, nem de leve, ela podia imaginar a mulher que me tornei. Percebo que ainda temos os mesmos olhos, embora agora estejam mais cansados.

De vez em quando faço isso, volto ao meu quintal ancestral... às vezes gosto, às vezes não, de ver a passagem do tempo.
Mas não conto a ela, tão pequena, tão doce, desse meu possível endurecimento.
Não por proteção, 
mas por delicadeza.

A menininha que já fui olha para mim como se eu fosse uma verdade metafísica. Não sou.
Talvez ela é que tenha sido, mas não tem importância, porque uma coisa é certa, e essa eu conto à ela : não fiquei só sentada ouvindo as historias dos outros...
Fui, e vivi.

E tenho tido tanta coisa para contar...

4 comentários:

  1. Acho que, pelo que li, esse mocinha tem muito orgulho do que se tornou.

    Ficou ótimo esse texto!
    Bjws, boa noite.

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  2. LINDO e temos muito a contar sempre...beijos praianos,chica

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  3. Impressionante como no olhar, a gente tem desde cedo já as nossas convicções.
    Que olhar forte o "desta" menininha!!!

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  4. Voltar a ler você é mergulhar em um mar de azul profundo... Profundo como são todas as coisas que saem de uma alma privilegiada como a sua.

    Ler você é somar delicadezas e aprender, aprender muito sobre a arte do bem viver.

    Ah! Sol, quando chego aqui o mundo fica mais bonito. Obrigada, por existir, linda criança!

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