quarta-feira, 13 de agosto de 2014

depois que te perdi...

Muito embora eu ande com as retinas enxaguadas pela saudade, agora posso te ver melhor.
Você ficou mais visível depois que te perdi.
É que, às vezes, mesmo com a porta fechada a gente espia pelos vãos e pelas brechas tentando entender o que foi que realmente aconteceu.
Havia amor, eu sei, mas transitamos por fronteiras tão difíceis.
Achávamos que era paixão, pele, desejo... Tudo volátil, imaturo, explosivo e perigoso.
Mas teria se consumido se fosse só isso. E não era.

O amor insistia, pedia passagem e a gente não via.
Agora sei que estava lá.
É que aparecia com formas misteriosas, e eu via em ti alma demais, e sentia medo. Muito medo.
Por achar que sabia lidar melhor com a cabeça, tentei trazer nossa história para o racional. Mas tudo que é do cérebro é tão injusto, que nossa ternura foi ficando dura.
Então fugi.
E agora preciso daquele tipo de cura que só pode vir da solidão.

Sei que vivemos um grande amor,
e que para cada pecado, houve uma virtude,
para cada medo, uma coragem,
só não houve tempo.                              
Eu era agora, e você sempre um pouco mais tarde...

Solange Maia

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