O
amor não força nada, ao contrário, ele abre caminho.
William
P. Young
Há anos tenho falado sobre a vida e sobre o amor.
Já escrevi antes sobre 'primeiras vezes', e sobre algumas pessoas especiais. Rotulei como 'grandiosas' muitas dessas experiências, porque sim, foram mesmo grandes momentos.
Mas a vida, surpreendente que é, veio e me trouxe o novo,
o in-fi-ni-ta-men-te maior, o inacreditavelmente mais bonito.
E agora, que tudo foi redimensionado, só o
que me vem à cabeça são as palavras de Clóvis
de Barros Filho, numa entrevista que deu e que nunca mais me esqueci. Tenho-a
gravada em meu celular, e ouço vezes sem fim, no trânsito, em casa, no escritório.
Ele diz que devemos saber que "...estamos
diante de um mundo extraordinariamente competente para nos entristecer, mas que,
aqui e ali, esse mundo também é capaz de nos proporcionar grandes alegrias,
grandes surpresas, e momentos que a gente nunca mais gostaria que acabassem. E
são esses momentos que a gente ‘persegue’, que farão da vida, sempre alguma
coisa digníssima de ser buscada, e fantástica de ser vivida."
Cheguei a duvidar dessa ‘grande alegria’, e dessa ‘grande surpresa’, mas
agora, diante delas, e vivendo um desses momentos que eu gostaria que nunca acabasse,
rendo-me.
Rendo-me completamente.
Rendo-me porque, de repente, sem planejamento algum, deixei você pegar
na minha mão, e soube, naquele exato segundo, que você era a mão que eu havia esperado
por tanto tempo.
Você foi a 'grande surpresa'.
E temos sido, desde então, essa 'grande alegria'.
E já não há mais verso. Nem prosa tampouco.
Não escolho mais as palavras.
Elas saem displicentes, indiferentes a mim. Já sabem o que querem
contar.
Agora não escrevo mais para enfeitar a página.
Escrevo para enfeitar o nosso amor.
Para guardá-lo, para lermos juntos daqui a cem anos.
Escrevo porque preciso falar com você. Porque sinto saudade mesmo quando
ainda está aqui, porque nosso querer não tem cabido só nos dias, só no tempo,
só no agora.
Escrevo pra te fazer carinho, pra te alcançar nesse espaço mínimo antes
de você chegar.
E já não há mais verso. Nem prosa tampouco.
Já não escrevo palavras que alimentam o desejo, para que dele se
alimentem depois. Nem faço poesias narrando incompletudes amorosas, em que amantes ora
estão, oras não estão. Já não quero contar histórias de amores que se
distanciaram, e que não se correspondem mais.
Já não vivo tentando lembrar qual era o gosto que faltava, o que não
havia, ou onde doía.
Com você eu tenho tudo.
E, acredite, nem sabia que isso era possível.
Agora escrevo porque
descobri que quero passar o resto da minha vida com você. E, porque desejo que
o resto da minha vida comece o mais rápido possível.
Solange Maia