domingo, 3 de junho de 2018

da minha herança...

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A água quente corre pelas minhas costas me fazendo um bem danado.
Tento só sentir. Um rio vertical se forma, paralelo à minha vontade.
É lindo ver como qualquer correnteza faz com que as águas nunca sejam as mesmas.
Assim como nenhum ser vivo é o mesmo que em dias anteriores.
Eu não sou a mesma de antes.
Esses flagelos que ainda ontem não eram meus, confirmam isso.
Asperezas revogam sem piedade algumas crenças que me faziam bem.
Mas milagrosamente ainda acho muitas coisas bonitas. Até aquelas que ninguém entende.
Ainda acho muitos motivos para sorrir. Até onde ninguém acha que é possível.

E sigo. Mesmo que algumas vezes aos tropeços.
Acreditando mais do que nunca nos afagos e nas ternuras.
Só assim acho a vida possível.
Só assim topo continuar na estrada.
Não abandono a fé, e rezo.
Peço a Deus por preservação.
Peço que me proteja da apatia e da indiferença.
Em mim, sentimentos assim causam absoluta estranheza.
Peço por meus amores: que sejam resguardados.

Herdei quase nada de terrestre, embora me sinta muito afortunada.
Minha herança é medida em coragens e em alegrias.
Meus prazeres são tão intensos quanto minhas lágrimas: de tão inteiros não se sustentam nas pálpebras.
Então sinto e verto, sem filtros.

A água ainda correndo por minhas costas me faz lembrar da lendária rosa de Jericó: a flor da ressurreição.
Ela murcha, para depois, na água, tornar a florescer.
Fico me sentindo um pouco a rosa: é que sei nascer de novo.
Quantas vezes forem necessárias.

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