
as vezes as palavras gastam-se, tornam-se comuns.
é aquela velha história da ternura dura.
gosto da palavra distraida, daquela que escapa das mãos, da que vira gesto.
das palavras vira-latas, soltas nas ruas, sem definições que as prendam.
livres, perturbadoras, com tantos pedaços que são quase infinitas.
palavras que não querem ser belas, querem ser reais.
quero-as sem pedigree mesmo, e de contornos indefinidos.
as outras já não me servem.
palavra vira-lata procura sempre a metade que lhe falta.
e essa metade está em quem a lê.