domingo, 2 de fevereiro de 2014

por isso disse adeus...

Um a um ela foi deixando de lado os homens da sua vida. Todos devidamente importantes, mas nenhum que tivesse entendido de verdade seu bem querer.
Apaixonava-se por aqueles homens por que precisava deles para sentir o amor.
Era como se ela conferisse a eles algo que eles não tinham, alguma virtude capaz de sacudir suas emoções, estimular sua autoestima, diminuir seus sofrimentos.

Mas no dia a dia, como todas as coisas mil vezes fantasiadas, a realidade a deixava sempre um bocado desiludida.
Eles diziam que a amavam de muitas formas, e embora ela quase nunca sentisse, não partia quando devia mesmo assim.
E isso ia doendo dentro dela.
Palavras envoltas pelo tecido frágil do desejo só aumentavam sua dor.
Ela queria alguém para uma viagem mais longa.

Por isso disse adeus. Um a um.
Sem ninguém ao seu lado ela se sentia mais livre para discordar de Proust quando ele dizia que o amor era uma tortura recíproca. Não... ela preferia o amor que fosse uma ternura recíproca !
Estava cansada de parecer essa amante Proustiana, tragicamente dependente e masoquista.
Dessa vez ela queria ser feliz. 
Tudo valera a pena, ela sabe, mas bonito mesmo vai ser o dia em que ela, de verdade, escolher ficar. 


Solange Maia

3 comentários:

  1. Un relato tierno pero fuerte, con señales y con códigos propios de tu sello Solange....Te beso descalzo y con mis manos alrededor de tu alas.

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  2. Dizer adeus ao amor, jamais.
    Dar um tempo ao amor, porque não?
    Claro que o bom é o amor recíproco,
    mas...

    Beijo

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  3. Solange

    Mesmo dizendo adeus
    Ela viveu cada instante
    Isso também é amar
    Penso que o amor tem dessas nuances proustiana
    inevitável.

    bjão!

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