quarta-feira, 25 de junho de 2014

cento e vinte e sete beijos...

A luz obliqua suavizava a noite sem perder seus amarelos.
Uma formalidade preguiçosa.   
A mesa posta, embora eu tivesse sentido vontade de cantar Chico: ‘ponha os pratos no chão e o chão ta posto’... é que ainda não te contei, mas gosto tanto desses cenários que nos aproximam. Terno como a água que me serviu em cristais. Delicadezas deixam a atmosfera tão leve.

Contamos histórias que tinham vontade de continuar, mas não, ficamos quietos, presos um no outro, num discurso de palavras mudas e poucos gestos. Era como se o ar precisasse ser preenchido, como se você precisasse ser preenchido.
Um instante afável, como se eu já o tivesse vivido, mesmo sem nunca ter passado por ali.

Tuas mãos no meu rosto branco eram boca.
Tua boca no meu corpo tonto era beco.
Fui embora devagar, como quem nunca quer partir.
E acordei cedo, com vontade de te beijar.
Cento e vinte e sete beijos. Tantos.

Solange Maia

4 comentários:

  1. Que texto lindo. Delicado e romântico.
    Parabéns

    http://vidasempretoebranco.blogspot.com

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  2. Eu amo te ler, me encontro em tuas palavras de amor. Lindo lindo . Aplausos

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  3. E um dia afinal tinhan direito a uma alegria fugaz....Chico Buarque...Chica Solange...Chico Enrique...ay que vida boa olere...te abrazo!!

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