sábado, 4 de maio de 2013

despido, e despreparado !

Ela não foi ao encontro dele. Devia ter ido.
Queria ter ido.
Talvez por isso ele tenha dito que havia engolido as palavras que queriam saltar, e que não sabia se voltaria a falar.
Fluiu com suas teorias de que o ‘não dito’ havia se perdido para sempre, e de que para falar de novo seria preciso preparar o espírito.
Falando assim, tão convicto sobre o ‘não falar’, ele nem via que empurrava a menina para longe. É que ela andava cansada daquele carinho que ficava sempre ali, sem nunca ser usado, e queria muito que ele experimentasse estar distraído, que baixasse a guarda, que se entregasse aos momentos e às sensações, que não pensasse tanto... e que, de preferência, se permitisse estar absolutamente despreparado.

No fundo, no fundo, só o que ela queria era que ele percebesse que o ‘preparo’ veste o afeto...
e que para ‘falar’, é fundamental que se esteja despido.



4 comentários:

  1. Tenho medo cada vez que chego aqui e me deparo com esses textos que descrevem EXATAMENTE o que sinto/vejo/vivo.
    Lindo.

    ResponderExcluir
  2. Solange: Gostei do texto mas para falar ou ir a um encontro não é preciso estar despido da roupa, mas sim despido de preconceitos.
    Beijos
    Santa Cruz

    ResponderExcluir
  3. ...é preciso se despir das palavras, para poder falar. Gostei imenso disso, palavras soltas e livres dizem muito.

    abço fraterno!

    ResponderExcluir
  4. Un texto que me cala profundo...muy profundo....
    Valiente para la Vida, cobarde para el Amor....
    No puedo intentar con la persona que me porta el corazón, que me importa desde el alma....tengo una tremenda angustia en desilusionarme...de que no me busquen, de que no se entreguen.....de que no sea yo...

    ResponderExcluir