segunda-feira, 8 de setembro de 2014

efeito colateral...

Você pensa que não liga mais, até que seja ele o cara sentado do outro lado da mesa.
É que tinha sempre alguma coisa naquela hora que me desorganizava. Talvez fosse o modo como ele me olhava. Havia coisas no olhar dele que não eram fácies de explicar, longe de serem simples, mas que ao mesmo tempo pareciam tão conhecidas. Talvez fosse porque ele atravessava a mesa com os olhos até me tocar, e fazia de propósito, acho que gostava de medir os efeitos que causava em mim. Demorava constrangedoramente no gesto.
Depois sorria. Debochado.
E eu, nocauteada, sorria de volta tentando desesperadamente fingir indiferença. E ficava muito, muito encabulada, até que pudesse, finalmente, desviar o olhar.
Uma trégua.

Três ou quatro minutos depois e ele voltava a me provocar, agora com outro sorriso. Até que, de tanto tentar, ele conseguia. Minha timidez ia embora, e eu voltava aos olhos dele. Que agora eram outros.
Minha boca entreaberta comunicava tão diretamente o meu desejo que ele se assustava. Metade espanto, metade desejo. Entro ou não naquela historia ?
E entrava.

Mordia o lábio e tirava a blusa.
Uma porção de gente em volta, e ele nem ligava.
Ficava assim, totalmente entregue a mim.
Nu.

Tudo aqui dentro.
Sempre.

Solange Maia 

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