segunda-feira, 6 de outubro de 2014

hipérboles de volúpia e ternura...

E se, de repente, cada alegria nova desfaz um nó ?
E se a gente nem acreditava mais que esses nós podiam ser desfeitos ?
E se, de repente, nossas convicções começam parecer endurecidas demais ?
E se a gente sentir uma vontade imensa de rever as ideias, de olhar por outro ângulo, de nos dar uma chance, de ignorar os julgamentos e de ser feliz, estupidamente feliz ? 
E se, de repente, nos dermos conta que bem no meio da nossa vida tranquila e sossegada, surgiu aquele alguém que muda tudo que a gente já foi ? 
E se essa pessoa vira imediatamente uma música em looping infinito na cabeça da gente ? E se a gente não quiser nem um pouquinho dar stop nessa música ? 
E se, de repente, todas as coisas prontas que a gente sabia descobrem-se na verdade apenas começadas ?
E se o que antes era muito vira agora muito pouco ?
E se, de repente, um único beijo dura duas horas, e a gente nem se lembrava que isso existia ?
E se já não sabemos onde fica a fronteira que divide a paixão e o amor, porque tudo anda deliciosamente misturado ?
E se, de repente, um olhar entra dentro da gente e nos faz sentir absurdamente amados, desejados e cuidados ?
E se a gente nem quiser mais se proteger ?
E se, de repente, a gente descobre que existe sim alguém capaz de perceber que mora um poema inteiro dentro da nossa boca ?
E se agora a gente sabe que saudade é uma coisa muito, muito sem graça ?
E se, de repente, a cama branca já não combina mais com esse sexo tão gostoso, onde o coração pulsa em sintonia com o tesão, e a gente desenha hipérboles de ternura nas costas voluptuosas do outro ? 
E se a gente começa a querer enfeitar a vida do lado de fora, só pra combinar mais com o lado de dentro ?

Solange Maia 

2 comentários:

  1. "E se, de repente, a gente descobre que existe sim alguém capaz de perceber que mora um poema inteiro dentro da nossa boca ?"
    Apaixonante!

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  2. Teus escritos são como o vinho, O tempo só lhe aprimora...
    O poema dentro da boca, também se degusta, como faço, sempre que venho em sua vinha.
    Abraço
    Tácito

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