quarta-feira, 19 de julho de 2017

para que não tenhamos preguiça de acontecer...

Podia ser dia, verão, ventania. A menina tinha sempre uma vela acesa nas mãos.
Sabia que para algumas pessoas os dias iam embora mais cedo: encolhidos ou endurecidos.
E tinha medo que esse tipo de abreviação nunca terminasse.
Então, daquela forma, pensava acender os caminhos. Queria não deixar nunca que o dia se apagasse.
A vida se apagasse.
Conhecia bem os caminhos de pedra que afastavam as pessoas do que tanto lhes faz bem.
Conhecia bem as pessoas de pedra que evitavam os caminhos que tanto podiam lhes fazer bem.
Aguardavam em seus esconderijos internos que a vida consertasse o que fez.
E alimentavam assim, a potência paralisante dos que não têm pressa. Viveriam amanhã.
Mas a menina entendia que o tempo não era feito para nos consolar. Queria ser vivido.
Hoje.
Tudo o que podia fazer era trazer uma vela acesa nas mãos e orquídeas escondidas no bolso.
E não parar de tentar acelerar sua ressurreição.
Ela amava as pessoas.  
E sabia que as demonstrações de amor podiam consertar o mundo.

Solange Maia

2 comentários:

  1. ".......as demonstrações de amor podiam consertar o mundo.". Pronto chega...Sera Tarde demas ?...
    abrazo.Enrique

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  2. Tu esencia es tan visible.....abrazos !!

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