Brinco com o isqueiro em minhas mãos.
domingo, 29 de abril de 2012
fêmea faminta
Dirijo pela tarde cinzenta com uma urgência
secreta.
Entro num café. Peço um expresso duplo e um
maço de cigarros.
Eu não fumo.
Pouco importa, preciso de alguma referência adulta.
É que, desde que mudei minha vida, tenho sido
muito mais mãe do que mulher. Tenho estado tantas vezes dentro da vida dela, e
fora da minha, que já nem sei se lembro de alguma coisa imprópria e gostosa, dessas
indecenciazinhas que me lembrem da idade que tenho.
Não me encaixo no papel de fêmea faminta, não
é isso, mas sou dos versos ariscos, das palavras voluptuosas, lascivas, sou da
inquietação que sobe como serpente pelas minhas pernas, lânguida, invadindo cada poro, cada vão, afinal, preciso ser olhada como mulher.
Brinco com o isqueiro em minhas mãos.
Brinco com o isqueiro em minhas mãos.
Ando tão sensorial, tão complicada...
Ajeito o casaco meio fora de moda e lembro que uma coisa é fato:
minhas roupas combinam muito mais no chão.
Pronto.
Acendi o fogo.
.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
nossa, esse veio de dentro. ameiii.
ResponderExcluirbjosss...
rsrsrs eu venho ler seus textos na certeza de que vou ler coisa boa...e hoje terminei com um sorriso...coisa boa ler este post..
ResponderExcluirParabéns Solange, como sempre, parabéns por escrever textos tão profundos, tão reais, tão intensos, tão verdadeiros...e, principalmente, porque seis textos, embora saiam de vc, eles parecem te deixar..ganhar outra vida, falar outros desejos, a minha opinião é que eles se confudem em leitores atentos e desavizados, em rumores perdidos, gritos sufocados, valores forçados, desejos cambiados....ah seus textos...eles tomam forma de humanidade....
Beijos com admiração
Nana
Afetos e Ofertas
Ah Sol,
ResponderExcluirvocê escreve, ou melhor, você descreve a maioria das mulheres. Descreve e escreve com todo o sentimento que alguém pode ter e que anseia ter.
Você traz palavras verdadeiras e sentimentos encantadores.
Beijos
opss
ResponderExcluir