terça-feira, 23 de setembro de 2014

amor, amor, amor...

Não houve música, nem tampouco todas as velas que espalhei pela casa. Nem lençóis de linho, vinho, ou banho demorado. Não houve cenário. Não. Não coube.
Fomos nossa própria canção. O rastro de fogo e luz iluminando toda a casa. Fomos a cama, o colo, a manta, o ventre, o vento e a água...

Fomos os passos cegos nos levando a qualquer chão, as roupas abandonadas no caminho, a boca vermelha de tanto beijar, as mãos percorrendo tudo, tudo, tudo. Fomos cada canto um do outro, a atmosfera, a ventania, os ângulos girando e nos deixando tontos, tontos, tontos.
E, num instante, não havia nem quarto, nem cama, nem nada. Só nós dois. 

A luz acesa nos presenteando com cada mínimo gesto de prazer desenhado no rosto do outro, na boca, nos olhos, na pele. Nenhum sorriso foi desperdiçado. Nada. Nada. Nada.
Fomos essa noite mágica onde tudo queríamos enxergar, onde tudo queríamos sentir, onde tudo queríamos dar. Fomos as minhas pernas descansando sobre a curva das tuas costas, e, finalmente, fomos o que guardamos na gaveta do criado mudo e chamamos de ‘próxima vez’...

Minha mão em concha ainda guarda o teu cheiro.
E assim, completamente entorpecida por essa intimidade tão bonita, já não quero mais escrever.
Não quero mais fazer poesia.
Depois de ontem, só o que quero é fazer amor.

Solange Maia

5 comentários:

  1. Querida Solange: excelente descripción de un estado de intensidad y excepción, dos cualidades que rara vez se conjugan en un encuentro. La atmósfera que define las palabras convierten al escrito en una Wikipedia de lo sensorial. Celebro que atravieses este momento personal. Saludos desde Buenos Aires !

    ResponderExcluir
  2. Ainda venho aqui e morro de amor te lendo! UIIIIIIIIIIIIII

    ResponderExcluir
  3. "Não quero mais fazer poesia.
    Depois de ontem, só o que quero é fazer amor."

    E não são, por acaso, sinônimos?

    MB

    ResponderExcluir