segunda-feira, 24 de novembro de 2014

amar não cansa...

"Porque tu sabes que é de poesia minha vida secreta."
Hilda Hilst 

Eu não entendo quando você franze a testa e faz um esforço danado para acreditar quando digo com todas as letras que te amo como nunca amei antes, ou quando digo que minhas palavras eram feitas de espera, porque no fundo era você que eu queria, embora achasse que talvez você só existisse no território ébrio das minhas fantasias.
Você quase duvida quando digo que meu coração andava blindado, ou que morava em mim uma menina desinteressada, muito desinteressada, com preguiça dessa gente que me dizia tão pouco. Tão pouco.
Não que eu não quisesse amar, não era isso. Nem acreditar. Eu queria. É que, de alguma maneira, achava que não era possível.
Apaixonar-se sim. Mas o que vinha depois, ahh, o que vinha depois era o amor, e o amor era outra coisa. O amor era um patamar inatingível. E eu sabia que só ele seria capaz de alguma mudança.

Mas você apareceu, amor. 
Absolutamente ao acaso, mas apareceu.
E agora preciso te contar sobre essas coisas. É que você não sai da minha cabeça, e desde que chegou me deixou assim tão desarmada que nem sei. Já não resisto, já não duvido, nem tenho fronteiras, ou limites, não sou mais minha.
Foi a nossa paixão que nunca acabou, que se misturou ao amor, e que acho até que me trouxe essa fé bonita que ando tendo em todas as coisas que eu chamava de ‘impossíveis’.
Então não entendo quando você franze a testa, amor, porque eu te amo, absurdamente, e, se você ler bem, vai ver que isso nunca aconteceu antes. Nunca.

Dei para ser permissiva, entregue, desprotegida, sua, só sua, totalmente sua. Tanto que preciso confessar: sirvo-me de você. Com apetite voraz. Sempre e muito, quero tudo, tudo... mas não é só isso, temos uma intimidade linda que eu nem sabia que existia. E em nós, como se já não se bastasse por si só, o erotismo tem um segundo viés, o do amor.

Ainda há tanto a dizer, e, ao mesmo tempo, nada a ser dito.
É que ando trocando palavras por gestos.
Então agora que eu sei que já leu estas linhas, vem para cá, amor. Vem para cá, que agora a gente já sabe que amar não cansa.
Não.
Amar não cansa.

Solange Maia

3 comentários:

  1. Ah, Solange você me fez lembrar das musicas da Bethânia.
    bjs

    ResponderExcluir
  2. 'É que ando trocando palavras por gestos'.
    Solange Maia

    'Amor, antes de qualquer outra coisa, é gesto.'
    Ana Jácomo.

    É. É verdade. Gesto é tudo. Mas palavras assim, explícitas, berrando "Eu te amo" para quem quiser ouvir, fazem tão bem!

    Quando uma pessoa diz que nos ama muito, mais do que nos consideremos merecedores de sê-lo, a gente franze a testa, sim. Um pouco por descrença. Outro pouco por mero charminho, num pedido chameguento de "Fala mais, por favor".

    Não, não é que não se acredite. É que não se entende. É difícil de compreender. Mas se acredita, sim. E acreditar mesmo sem entender tem um nome que, olha só, também tem duas letrinhas, apenas: fé.

    Porque se houvesse compreensão plena, seria ciência. Mas, não. O amor requer mistério, dúvida, insegurança, incerteza. Para que todo o dia, seja necessário pedir, ofertar e agradecer, como fazem os que têm fé.

    Não, amar não cansa. E, se cansa ficar tendo que dar explicações, tenha paciência. É que a fé requer persistência. E amor, também.

    ResponderExcluir
  3. O amar de verdade, o amor verdadeiro nunca cansa...

    xxx

    ResponderExcluir