quinta-feira, 27 de novembro de 2014

se Sartre estava certo...

porque eu te amo, MB...
e porque é assim que me sinto livre,
estando ao seu lado.

A menina queria alguém que conduzisse a carruagem.
Queria descansar.
Parar um pouco de tentar ser sempre tão corajosa.
Queria alguém que quisesse as mesmas coisas que ela, e achava que eram coisas tão simples, como alguém que entrelaçasse os dedos aos seus enquanto lhe desse as mãos, alguém que dissesse 'eu quero estar aqui, porque te amo, porque reconheço a imensidão e a raridade do que temos, mas, sobretudo, porque é assim que me sinto livre, estando ao seu lado'.

A menina queria ser cuidada.
Queria não ter que fingir o tempo todo que era forte, muito forte, e madura, muito madura.
A menina era só uma menina.
E torcia para que ele percebesse.
Urgentemente.

É que às vezes a gente sucumbe. Desaba mesmo. Como se todas as bênçãos não segurassem a lágrima gorda que insiste em pesar na pálpebra. Sente medo. E chora. A gente chora as histórias de uma vida inteira. E deseja um colo que dure.
A menina parecia tola, mas Sartre também era.
Se ele estava certo, 'fomos sim, condenados à liberdade'.
E ao peso de poder escolher.
Condenados.

Solange Maia

Um comentário:

  1. É, acho que Sartre estava certo. Que bom. Porque estar condenado à liberdade é responsabilizar-se todos os dias pela própria felicidade. Em alguns, é verdade, com lágrimas gordas, carregando o peso de uma vida inteira. Noutros, com um sorriso desavergonhado, que dá rosto àquilo que chamamos de alegria.

    Não tenha medo! Seja menina, menina! Não é assim, afinal, que te chamo, com tanto carinho? Sente-se. Feche os olhos. Solte as rédeas. Hoje, alguém vai conduzir a carruagem. E tentar te condenar a amar...

    Porque é justamente esta a mais libertadora de todas as condenações.

    Eu também, menina. Eu também.

    MB

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