segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

enquanto isso...

Cansei de mentiras bonitas.

Sua fala tem me esvaziado cada vez mais.

Então hoje, só o que consigo é passar tempo com você.

Porque no fundo, onde quase ninguém vê, vivo momentos imaginários com o que pode ser o amanhã.

Mas não quero.

Não mais.

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E se tudo isso é temporário, se é só um instante, um parêntese, porque é justo o parêntese que mais dói ?

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Enquanto não acho a resposta, respiro e vou levando a vida.

Isso eu sei fazer. Caminho nas ruas, trabalho duro, rego as plantas, limpo as gavetas, compro frutas, mas enquanto faço isto sinto que não vivo.

Das vezes que morro essa é a mais banal.

Porque no fundo eu sei que as alegrias estão todas ali.

Quase à mão.

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E tanta gente duvidando do meu caminho... eu sei.

Pouco importa.

A sorte está lançada. Joguem os dados...

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Porque enquanto isso sigo multiplicando coragens.

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sábado, 29 de janeiro de 2011

porque “Eucaliptos Na Janela”...

(lá embaixo a história dessa fotografia...)

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Engraçada minha história com os eucaliptos.

Eles sempre estiveram na minha vida.

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Sou filha de madeireiro, do sul, das árvores longilíneas, do ar perfumado, do frio, do fog...

Lá estavam eles, nos vales da infância e nas janelas da escola, no meu primeiro apartamento e em todos desde então... preenchendo sempre meu cenário particular.

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Mas foi numa madrugada triste, no inverno do ano 2000, que eles aconteceram para mim.

Foi quando o mundo estava escuro, e eu ainda mais. Mas sempre digo que em dias assim um milagre acontece, e o meu aconteceu com ele ao telefone, falando lá de longe, me fazendo reagir.

- Vai Sô, caminhe até o terraço, lá onde estão os eucaliptos, e só pare de inspirar quando estiver com os pulmões cheios de vida. Sinta o vento nas folhas, a respiração do mundo, a vida pulsando, o frescor. Isso que acontece aí fora, também acontece aí dentro. A vida é possível mesmo em momentos de dor. Ela está aí.

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E, naquele instante, fiz as pazes com a vida mais uma vez.

E os eucaliptos tornaram-se minha metáfora indispensável, meu amuleto, minha sorte.

Porque devem ter, em suas folhas, escrito quase todos os dias da minha vida...

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a história dessa fotografia: Um dia a Zuleid, lá do Simples Assim, da qual sou fã irremediável, me enviou essa fotografia, que ela mesma tirou, de “uma varanda simples em um prédio escuro e feio numa rua qualquer do Belenzinho”, mas que, pela presença do eucalipto, na paisagem cinzenta, e pela tentativa de imprimir naquele cinza um pouco de verde e de cor (percebidos pela preocupação que o morador teve em colocar umas florzinhas coloridas e um pássaro para alegrar o próprio mundo...) a fez lembrar das pessoas que, mesmo de maneira muito singela, querem melhorar o mundo...

E a lindeza disso, é que sem nem saber, ela disse que quando passa por lá se lembra de mim...

E eu, Zuleid, que me lembro de você desde sempre, depois desse “presente”, a incluí também no “hall” das minhas metáforas indispensáveis...

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sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

onde se escondem as dores...

Porque doem minhas entrelinhas... não minhas palavras.

É o que está escondido, misturado, dissolvido, é isso que dói, as vírgulas que quase sempre me revelam.

Nelas hesito, me assusto, recuo... nelas existo.

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Porque se as palavras têm estado sempre tão disponíveis,

já não posso dizer o mesmo do amor.

E tenho estado tempo demais com os olhos líquidos.

Ando tão silenciosa, só sussurros ou palavras mudas...

mas minha vontade é de voz, não de silêncio.

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É que tudo podia ser tão mais simples.

E a menina que mora em mim precisa tanto de um abraço.

É... amo abraço.

Amo quem me abraça...

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terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Olhos Obscenos

De vez em quando gosto de olhar para o amor com olhos obscenos.
Gosto de ver o céu e o inferno se alternando diante dele...
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Gosto da atração instantânea, dos desejos irrefreáveis, de lábios, virilhas, nuca, pele.
Da intenção do minuto seguinte, da nudez anunciada, de qualquer carinho vago que leve embora todas as reservas.
Faço poesia displicente quando estou assim.
Porque sou romântica, mas antes disso sou mulher.
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E preciso tanto desse amor que vai vestindo fantasias só pra depois poder rasgá-las em meio a fúria do instante, e despir, pra mim é mais importante do que vestir.
Nua é que sou inteira. Entre suas pernas e seus efeitos....
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E nos meus arrojos sou tanta coisa, você nem sabe. Sou tanta vontade, sou tempestade, sou um pecado.
Mas diante do amor sou pouca. Sou descompasso, sou estilhaço, sou só um traço...
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domingo, 23 de janeiro de 2011

de quando a viagem é para buscar...

(fotografei hoje de manhã...)
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"Na minha opinião existem dois tipos de viajantes:
os que viajam para fugir
e os que viajam para buscar..."

Mario Quintana

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Meus pensamentos andam mais do que a estrada,

imaginando sempre a próxima curva.

Doo inteira, mas começo a tirar algum proveito disso.

Começo a encontrar as pitadas esquecidas em mim, a experimentar de novo aquela mulher leve, de alegrias inesperadas.

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Sim, viajo para buscar.

E seguro o olhar nos novos horizontes, mas o que me interessa mesmo é o tempo esclarecedor.

É nele que existem incontáveis respostas.

Escolho as que me cabem, e descanso.

Esse sossego tudo ilumina.

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E tem feito um tempo nada complicado por aqui.

Dias em que aprendo que esquecer também é uma forma de aprender...

Afinal, sou eu que decido o que vai ser eterno dentro de mim.

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quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

dos meus silêncios...

Assim, de susto, decidi mudar tudo.

Acho que mais por cansaço do que por coragem.

É que não quero mais me consolar imaginando o amanhã. Sonhar já não tem me bastado.

Quero a vida me esfolando a pele.

Quero arder.

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Talvez seja por isso que estou aqui sem estar, ainda desajeitada, ainda insone.

Percebo na alma todas as respostas, e ando platéia de mim mesma.

Cerco-me de silêncios, então minha boca fechada cria reservas para os novos caminhos.

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Não sei o que esperar, e nem me importo.

Estou indo.

Quero mesmo é gostar de mim no balanço do fim do dia.

Preciso acontecer.

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sábado, 15 de janeiro de 2011

do que guardo...

Mesmo quando desvio meus olhos e meus pensamentos de ti, mesmo quando estou ocupada consertando a minha vida, enquanto vasculho as imensidões psicológicas que moram em mim, mesmo quando estou cansada e precisando de tantas coragens, mesmo assim, guardo teu rosto na retina da minha alma.

E, de repente, eu te desejo.

E me sinto melhor...

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ela insiste em perder...

As vezes olho para dentro de mim em busca de alguma reserva que nos salve, de alguma lembrança afetiva boa escondida nas memórias, que sirva de combustível para manter aceso esse nosso amor. Mas você faz tudo ser tão doído que quando olho para dentro ouço só o sussurro dos meus anseios, do que eu queria que tivesse sido e nunca foi. Porque você tem medo do amor, porque nele nosso coração bate do lado de fora, e você se sente sempre vulnerável diante de um bem querer, e ainda não sabe lidar com as ternuras. Talvez porque você não arrisque ser diferente. As vezes acho que você nem tenta. Acho que você nem quer.

Seguimos então a rotina dos dias.

E só o que posso ver é a gente perder.

Perdemos as duas. Perdemos todos nós.

Porque distante do amor tudo é perder.

E sigo cada vez mais cansada.

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Mesmo assim ainda teria fôlego para te dizer que esse seria um jogo fácil.

Você ganharia quando parasse de jogar.

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

a vida não me assusta...

É... a vida não me assusta.

As pessoas, de vez em quando, sim.

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E é preciso ter coragem para não se acostumar.

Porque o que eu quero da vida é o encanto. É o encontro.

E quero-a inteira.

Que venha com seus caminhos tortos porque já sei aprender nas espirais.

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Afinal, viver tem sido sempre assim, quando dou sinal dos meus desgastes, vejo a vida nascer de novo, feito flor que transforma o olhar.

Não tenho certeza alguma...

Mas trago comigo um punhado de coragens prá usar.

Sem regras... hoje só garanto o acaso !

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Cansei de jogar para perder.

É que acordei com uma vontade louca de começar a ganhar !

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quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

dessa dor que vai passar...


Dos sentimentos sóbrios tenho guardado a certeza de que amanhã é um novo dia.

Dos outros vou tentando me desfazer.

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Porque nesses dias em que começo a transformar desejos em verdades tenho aprendido que a gente tem é que mergulhar de cabeça nas decisões, correr os riscos, enfrentar os monstros...

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Chega o tempo em que realizar é preciso. E se já posso imaginar a mim andando pelos meus caminhos, e vivendo minhas escolhas, posso então encher a mala desses sonhos todos e sair por aí...

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Mas vou com calma, porque tem doído ainda, e a dor de desgarrar dói comprido, eu sei, mas passa, também sei... é que no meio dela a gente verte mesmo... a alma se liquefaz...

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Tenho preferido sentir, mesmo que me custe caro.

Cara afinal, é a vida que estava deixando escapar...

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terça-feira, 11 de janeiro de 2011

desses silêncios...

No fundo eu sempre soube.

Soube desde o dia em que te conheci que não aconteceria.

Porque quando o amor não acontece antes de tentarmos entendê-lo, não acontece mais.

Não dá prá racionalizar o querer, prá organizar o sentir.

O amor é ingovernável.

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E o fato de eu ter sempre sabido, tem me feito desmoronar.

Faço tantas perguntas a mim mesma, mas nem sei se quero as respostas.

Quero descansar. Quero parar de doer.

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Não que eu não aguente a dor.

Nem que eu não saiba que amanhã será sempre um novo dia, com novos horizontes e novos sorrisos.

Não é nada disso.

É só que quando estou no olho do furacão tenho vontade de chorar, de ficar pequena, de ter colo, de sarar.

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Mas, por enquanto tenho tido vontade de muitos silêncios.

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Empresto então, algumas palavras da Tati Bernardi : “Hoje eu acordei sem nada no estômago, sem nada no coração, sem ter para onde correr, sem colo, sem peito, sem ter onde encostar, sem ter a quem culpar...“

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sábado, 8 de janeiro de 2011

O amor é construção...


Gosto muito da história das Mil e Uma Noites.

Nela revela-se o segredo do amor...

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Um rei magoado com uma mulher.

Vinga-se em tantas outras, descrente e frio.

Uma, porém, dedica a ele mais do que seu corpo. Ela se doa, e conta a ele a vida sob sua ótica, com nuances misteriosas, eróticas, sedutoras...

Ela alimenta seu imaginário, aplaca sua mágoa, alegra seu coração.

Passa de favorita a única.

Sherazade é múltipla e plural.

Uma contadora de histórias...

e assim, usando suas palavras, descongelou um coração...

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O amor é construção.

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É por isso que Roland Barthes disse uma vez que a linguagem é uma pele: esfrego minha linguagem no outro. É como se eu tivesse palavras ao invés de dedos, ou dedos nas pontas das palavras...

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sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

música boa...

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Ando assim... toda a flor da pele, e parece que nesses dias o fundo musical da minha vida é feito na voz só de mulheres... elas são mais viscerais.

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Ando assim porque amanhece aqui dentro, e só o que quero fazer é varrer essa noite em meu olhar.

O coração faz barulho, uma imensidão de sentimentos.

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E Elis cala tudo ao redor, até os instrumentos ela dispensa...

Isso é música boa.

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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

estou sempre pronta prá partir...

Ainda tento entender essa história. Será que você é realmente quem é, ou será que é só o meu desejo coagulando em ti o amor que insisto viver ? É que muitas vezes, na tua voz, esteve o para sempre, então, embora nossas histórias não durassem muito (acho que é por isso que estive sempre pronta prá partir), desejei demais. Achei até que tínhamos amor com vista pro mar...

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Mas tudo bem. Apesar da previsão do futuro “gris”, hoje teve a beleza das coisas que acontecem porque é tempo mesmo... e acredite, até os teus desencantos me ensinam.

Mas choro. E não devia ser assim.

Porque os outros eu conheci por acaso.
Você não. Você eu encontrei porque era preciso.

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ah... e obrigada por me ensinar a ressuscitar...

Mas é que agora quero ver as tristezas indo embora da minha retina...

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quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

já não ligo...

Tenho estado assim, tão despreocupada em te agradar.

É que tem chovido torrencialmente dentro de mim, e você nem percebe.

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E uma hora a gente desanima desses instantes despencados e das mesmas superficialidades. Daí a gente acorda optando pela leveza, mesmo sabendo que ela pode durar pouco. E já não liga.

Não liga porque sabe que o amanhã já existe dentro da gente.

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Tenho estado assim.

E quase me esqueço de quando pedia a você que me esquentasse as mãos. Mas que tolice a minha ! Nem o frio você sentia...
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É por isso que esse ano vai ser assim. E só.

É por isso que parto em viagens de vento, que talvez também não durem, mas me fazem sorrir.

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Sim, vou voltar prá casa.

E esse desejo tem muita força.

Mas ando triste, porque enquanto isso, nesses dias despreocupados, até a solidão é mais bonita...

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

desejo bom...

Não há música.

Só o barulho do vento,

e das folhas que caem.

Mesmo assim sinto vontade de dançar.

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É que meu olhar exagera o amor,

e pensar em você acende em mim uma esperança.

É como traçar um caminho,

que a gente sabe que nos leva de volta prá casa.

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Agora eu sei que a minha solidão protege a sua,

como um sorriso que não está lá.

É por isso que sinto um desejo bom,

e uma vontade louca de que isso baste prá você também,

e quem sabe te ponha a dançar...

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segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

alguma razão para eu voltar...

Me dê alguma razão para eu voltar.

Um argumento qualquer, um motivo à toa...

Aproveite agora, enquanto as palavras caem de mim,

diante dessa fragilidade que finjo não sentir...

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É que prá você sou fácil mesmo, dou meia volta, rastejo, lambo, imploro... reincido, retrocedo... e sempre regresso.

Mas queria um sinal seu...

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Porque ando morrendo aos poucos entre nossas lembranças,

porque sei que você me quer, e porque te amo.

E isso devia bastar.

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Então me dê alguma razão para eu voltar.

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Porque faltou o último beijo, o último olhar, a última noite de amor...
e são tantas as perguntas sem respostas,

tantas as mágoas sem perdão.

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domingo, 2 de janeiro de 2011

da São Silvestre de todos nós...

Quase não se via o asfalto.

Era gente de toda parte, de todo porte, de toda arte.

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E meus olhos buscando a história por trás de cada rosto, a superação por trás de cada passo, uma fresta que me mostrasse o que fazia decolar a alma daquela gente.

E foi tão lindo ver asas nascendo daqueles pés.

Eram os pés de um exército aguerrido, de uma gente que se guiava pela bússola de dentro.

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Obrigada Senhor, por me permitir terminar o ano com mais este ganho.

Nasceu ali, a certeza de que apesar da imensidão que parece caber no plural, nada é maior que o singular.

Porque no meio da Avenida Paulista lotada por aqueles 21.000 corredores, cada rosto era único, cada sonho era o maior do mundo, cada conquista era a identidade no caminho de cada um.

Cada passo dado era também o meu. Também o seu.

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O caminho era o prêmio.

A chegada nem sei.

Não vi.

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Salve 2011 !